França: governo sobe preços de produtos de marcas famosas para defender agricultura
O preço de produtos conhecidos, como a Nutella, fabricada pelo grupo italiano Ferrero, por exemplo, vai aumentar cerca de 6,3% na França a partir desta sexta-feira (1). O objetivo é proteger a agricultura e a produção local, diz o ministro da Agricultura francês, Didier Guillaume.
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De acordo com o ministro francês, a alta atingirá 24 produtos de grandes multinacionais do setor da alimentação: Danette, Coca-Cola, Nutella, e marcas de macarrão, entre outros. “No fim, o aumento representará € 0,50 centavos a mais por mês no bolso dos franceses”, disse. A medida será testada durante dois anos e faz parte das discussões que culminaram na aprovação da lei sobre a Agricultura e a Alimentação, votada em outubro de 2018.
Um dos objetivos é limitar as promoções utilizadas para atrair os consumidores em detrimento de alimentos mais saudáveis e produzidos localmente, como frutas. “As promoções sobre os produtos alimentares não poderão ultrapassar 34% do preço de venda para o consumidor. A partir do dia 1° de março, o volume global de promoções será limitado a 25% do volume de vendas. Os detergentes, xampus e outros produtos de higiene e de limpeza não serão afetados pela nova legislação.
Medida ainda não integra regulamento
“Este é o preço a ser pago para defender os produtores franceses. Ainda temos uma agricultura na França, para poder parar de comprar produtos oriundos do continente americano ou dos países do leste”, explicou o ministro.
O porta-voz da Associação de Defesa do Consumidor UFC-Que Choisir, Olivier Andrault, está cético em relação à adoção da medida .“Sem regulamentação, o benefício para os agricultores é questionável”, declara. Ele reconhece, entretanto, que "os contratos de venda de produtos agrícolas deverão ser propostos pelos produtores, levando em conta o custo da produção”, declarou à revista L’Express.
Em entrevista à rádio francesa France Info, Olivers Dauvers, especialista da distribuição, também questionou a medida. “O preço de um produto é a consequência de mecanismos econômicos e, enquanto produzirmos mais do que consumimos, por princípio, o interesse do comprador será sempre de pagar o mais barato possível e estimular a concorrência”, avalia.
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