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França tem o sexto sábado seguido de manifestações

O chamado ato 6 do movimento dos “coletes amarelos” começou com fraca adesão. Na manhã desse sábado (22), havia pouca movimentação na famosa Avenida Champs-Elysées, palco de atos violentos nos primeiros protestos. Às vésperas do natal, o comércio funciona normalmente e tenta recuperar os prejuízos provocados pelo fechamento das lojas nos últimos finais de semana.

"Coletes amarelos" mantém a mobilização em estradas da França no sexto sábado de protestos.
"Coletes amarelos" mantém a mobilização em estradas da França no sexto sábado de protestos. REUTERS/Pascal Rossignol
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Cafés e restaurantes também estão abertos. Apenas algumas boutiques de luxo preferiram não abrir as portas. O tráfego de veículos é normal nessa região da cidade.

As forças de segurança continuam mobilizadas, mas em número menor do que em edições anteriores das manifestações. Ao todo, 4.100 homens foram convocados em todo o país, 1.225 na capital.

Veículos blindados estão posicionados em cidades como Toulouse e Bordeaux, permanecendo em situação de alerta em Paris, para serem usados em caso de necessidade.

O policiamento era discreto esta manhã na região da Praça Concorde, perto do Palácio do Eliseu. Os policiais continuarão a fazer revistas nos manifestantes, especialmente aqueles que chegam nas estações de trem.

Os "coletes amarelos" planejaram, por meio de redes sociais, uma concentração surpresa no bairro de Montmartre, aos pés da Basílica de Sacré-Cœur. Cerca de 300 pessoas marcharam pelas ruas do bairro turístico, pedindo a demissão do presidente Emmanuel Macron.  

No início da tarde, o número de manifestantes em Paris era calculado em 1.000 pessoas. 

Versailles tem segurança reforçada

Um dos pontos de encontro previstos é Versailles, onde a segurança foi reforçada com caminhões em frente ao castelo que já foi residência do rei Luís XVI e que está fechado hoje para visitação.

Segundo representantes dos “coletes amarelos”, o local é simbólico para denunciar a posição do presidente Emmanuel Macron como defensor da elite. Um manifestante explicou que estava lá "para evidenciar os privilégios de alguns".

O protesto, contudo, não deve chegar perto da entrada do castelo, já que a prefeitura delimitou um trajeto, com barreiras, para o cortejo. No início da manhã, poucas dezenas de manifestantes ocupavam o local.

Barreiras nas estradas

Os “coletes amarelos” continuam ocupando parte de rodovias da França, como em Saint Étienne, no sudeste do país, e na fronteira com a Espanha, onde centenas de manifestantes bloqueavam a passagem de caminhões desde às 3 horas da madrugada. Eles também planejam operações para liberar o pagamento de pedágios e impor lentidão no tráfego nesses locais.

Mais de 300 pessoas estavam mobilizadas esta manhã num dos acessos à auto-estrada em Boulou, perto da fronteira espanhola. Dezenas de ativistas separatistas catalães, também vestindo coletes amarelos e agitando a bandeira da independência, se juntaram aos manifestantes franceses. Eles haviam bloqueado, na sexta-feira, algumas estradas entre os Pirineus Orientais e a Catalunha.

Mais uma morte ligada aos protestos

Na noite de sexta-feira (21), um motorista morreu depois de colidir com um caminhão num ponto de bloqueio dos coletes amarelos, na rodovia D-900, em Perpignan, no sul do país.

A vítima é um homem de 36 anos, que morreu instantaneamente, pouco antes da meia-noite, segundo informações do promotor de Perpignan, Jean-Jacques Fagni.

"O motorista do caminhão esperou a chegada da polícia, ao contrário das pessoas que estavam bloqueando a estrada e que fugiram", disse Fagni, acrescentando que havia "duas ou três mulheres entre os ‘coletes amarelos’ que ficaram chocadas com o acidente". Elas deverão ser ouvidas pela polícia. Uma investigação foi aberta por homicídio e obstrução de tráfego.

O acidente eleva para dez o número de mortes relacionadas aos protestos, desde o início do movimento. Uma homenagem foi feita no local, com a colocação de cruzes para representar os mortos. Também houve um minuto de silêncio.

Movimento em baixa

Desde o pico do dia 17 de novembro, com 282.000 manifestantes identificados, a mobilização dos “coletes amarelos” está em baixa. Os protestos de 24 de novembro reuniram 166.000 pessoas, 136.000 em 1° e 8 de dezembro e 66.000 em 15 de dezembro.

Segundo dados do Ministério do Interior francês, na quinta-feira (20) havia 3.680 “coletes amarelos”, o menor número desde o início do movimento. O grupo surgiu para protestar contra um aumento nos impostos sobre os combustíveis - que o governo já cancelou. 

Resposta do governo

O governo francês anunciou, em 10 de dezembro, um aumento de € 100 para quem ganha o salário mínimo, o cancelamento da alta de um encargo social nas aposentadorias até € 2.000 e a isenção de impostos nas horas extras. O presidente também lançou um programa de debates públicos, que serão organizados nos próximos três meses em todas as regiões do país, para discutir os anseios da população nas áreas tributária, institucional e imigração.

Na noite de sexta-feira (21), o Senado francês aprovou as medidas para beneficiar trabalhadores de baixa renda e pensionistas da França. Elas devem entrar em vigor no início de 2019.

 

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