Instituto Pasteur afirma ter conseguido destruir células infectadas pelo HIV
Pesquisadores do Instituto Pasteur anunciaram nesta quinta-feira (20) terem destruído com sucesso células infectadas pelo HIV. O estudo, publicado na revista científica Cell Metabolism, ainda não apresenta um tratamento, mas abre o caminho para a cura da doença.
Publicado em: Modificado em:
Hoje, o tratamento da Aids utiliza os chamados anti-retrovirais, descobertos nos anos 1990 e usados para bloquear a infecção. O problema é que o medicamento não elimina o HIV do organismo. Os doentes precisam tomar a medicação até o fim da vida, já que até hoje nenhum remédio consegue destruir o vírus, presente nas células imunitárias, os linfócitos T CD4.
Os pesquisadores perceberam que alguns linfócitos não eram infectados pelo vírus e, até hoje, não entendiam o porquê. Nesse estudo, eles conseguiram identificar as características das células que eram infectadas com mais facilidade, e que apresentavam uma atividade metabólica mais propícia à propagação do vírus.
Bloquear a atividade da célula
Estas células têm a particularidade de consumir mais glucose para produzir energia. As experiências mostraram que, quanto mais forte era a atividade metabólica, maior era o consumo de glucose e, consequentemente, a possibilidade da célula estar infectada pelo HIV. Os pesquisadores tiveram então a ideia de bloquear a atividade desses linfócitos. Quando isso acontece, eles conseguem resistir à infecção e, após um tempo, o HIV é eliminado. Em laboratório, foram usados inibidores de atividade metabólica, já utilizados em pesquisas oncológicas.
O estudo representa um passo importante em direção à cura, mas é preciso ter cautela. “É uma primeira etapa interessante, mas nós não estamos hoje em uma situação em que essa descoberta possa ser usada em humanos num futuro próximo. É preciso continuar as pesquisas e esta publicação traz uma esperança a mais na busca pela cura da Aids”, disse em entrevista à rádio France Info, Jean-Michel Molina, professor do Hospital Saint Louis, em Paris.
Molina reconheceu que o estudo é um marco na busca por uma cura, mas disse que é preciso lembrar que os testes foram feitos em laboratório. “As células foram infectadas de forma artificial, apesar de alguns resultados terem sidos colhidos de amostras vindas de pacientes. Mas é preciso confirmar tudo isso, primeiro em um laboratório, e depois com testes em humanos”, finalizou.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro