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França / Manifestação / Coletes Amarelos

Quinto ato dos “coletes amarelos” teve menos manifestantes e pouca violência

Menos manifestantes, menos danos e menos detidos é o balanço do quinto protesto dos coletes amarelos em Paris. Mas este sábado (15) foi novamente marcado pela rejeição das medidas apresentadas por Macron, com um público que se mostra cada vez mais politizado. Às 18 horas (15h de Brasília), as forças de segurança francesas anunciaram a detenção de 157 pessoas e falaram em 5 feridos leves. Um número muito menor do que o registrado no último sábado.

Manifestantes "coletes amarelos" na mais famosa avenida de Paris, a Champs-Élysées, 15/12/2018
Manifestantes "coletes amarelos" na mais famosa avenida de Paris, a Champs-Élysées, 15/12/2018 REUTERS/Benoit Tessier
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Pelo quinto sábado consecutivo, os "coletes amarelos" fizeram manifestações contra as desigualdades de poder aquisitivo e a forte centralização das decisões políticas, sem a participação dos franceses mais pobres e em situação de precariedade. A segurança continuou ostensiva, com 69 mil policiais e militares mobilizados em todo o país, contra 89 mil na semana passada. Em Paris e demais regiões, o número de manifestantes foi nitidamente inferior ao do último sábado (8): 3.000 pessoas na capital e 33.500 em todo o país, no balanço das autoridades.

Até agora, o movimento dos "coletes amarelos" buscou se apresentar como suprapartidário e desvinculado de partidos políticos, embora desde o início da mobilização, em meados de novembro, militantes de extrema direita e de extrema esquerda tenham sido identificados nos grupos formados nas redes sociais.

Organizações e partidos de esquerda protestaram ao lado de "coletes amarelos"

Diante da dimensão que o movimento ganhou e da visibilidade que ele proporciona, cerca de 15 organizações de esquerda, incluindo o Partido da Esquerda, o Novo Partido Anticapitalista (NPA), o Sindicato Solidários, e os coletivos Gerações, Attac e Direito à Habitação publicaram um comunicado de apoio aos "coletes amarelos" na sexta-feira (14) e neste sábado protestaram ao lado dos manifestantes. O presidente da Central Sindical CGT, Philippe Martinez, também aderiu à pauta social dos "coletes amarelos" e defende agora uma "convergência das lutas".

Durante a manhã, nas escadarias da Ópera Garnier, cerca de 400 "coletes amarelos" e militantes de esquerda fizeram um minuto de silêncio em homenagem aos seis mortos e às centenas de pessoas feridas desde o início do movimento, no dia 17 de novembro. Alguns gritaram "Emmanuel Macron, nós viemos para te levar para casa". Um pequeno grupo exibia rosas brancas. Ao final do ato, eles cantaram a Marselhesa, o hino nacional francês

Performance artística

O quinto ato de mobilização dos "coletes amarelos" também foi palco de uma performance artística. Cinco mulheres vestidas de vermelho fizeram uma performance com um dos seios à mostra, sob direção da artista luxemburguesa Déborah de Robertis. Elas representaram a Marianne, símbolo alegórico da República Francesa, que é retratada com um seio descoberto e teve sua escultura vandalizada no terceiro sábado de protestos, no subsolo do Arco do Triunfo, há duas semanas.

Muitos internautas pensaram num primeiro momento que era mais um protesto do grupo feminista Femen. Mas a própria artista luxemburguesa, conhecida por suas performances de nus em museus, confirmou ter organizado a apresentação na avenida Champs Elysées.

As cinco mulheres vestidas de vermelho andaram alguns metros pela avenida em meio aos "coletes amarelos" e pararam diante de um batalhão de policiais, em silêncio, enquanto fotógrafos imortalizavam a cena. "A obra silenciosa e a imagem falam por si; o título é 'Marianne observa'", explicou Déborah de Robertis, como se a liberdade republicana estivesse ameaçada pela repressão.

Coletes amarelos" querem reformas institucionais

Macron anunciou, na segunda-feira (10), um aumento de € 100 por mês para quem ganha o salário mínimo, o cancelamento da alta de um encargo social nas aposentadorias até € 2.000 e a isenção de impostos nas horas extras. O presidente também lançou um programa de debates públicos, que serão organizados nos próximos três meses em todas as regiões do país, para discutir os anseios da população nas áreas tributária, institucional e imigração.

Um dos pontos na pauta de reivindicação dos "coletes amarelos", inclusive visto nos cartazes que eles exibiram neste sábado, é a instauração de referendos de iniciativa popular sobre assuntos de interesse dos cidadãos. Muitos manifestantes querem uma reforma institucional que garanta a eles participação direta nas políticas aplicadas no país. Eles reivindicam o direito de propor projetos de lei de iniciativa popular no Parlamento. Os mais radicais defendem a renúncia de Macron. Essas reivindicações são frequentes nos dois extremos do espectro político, tanto na extrema direita quanto na esquerda radical.

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