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França

Recuo do governo não acalma "coletes amarelos", que preparam quarto sábado de protestos

Para os "coletes amarelos", os anúncios feitos primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, na terça-feira (4), "não passam de migalhas". O movimento não foi convencido pelo recuo do governo sobre a suspensão durante seis meses dos impostos sobre os combustíveis e preparam uma nova mobilização prevista para o próximo sábado (8).

"Coletes amarelos" não foram convencidos com medidas anunciadas na terça-feira (4) pelo governo e prometem manter mobilização em toda a França.
"Coletes amarelos" não foram convencidos com medidas anunciadas na terça-feira (4) pelo governo e prometem manter mobilização em toda a França. REUTERS/Pascal Rossignol
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Para Frederique, militante dos "coletes amarelos" da cidade de Gaillon, no norte da França, as propostas de Philippe "não passam de migalhas". "Se daqui a seis meses os preços voltarem a aumentar, do que adianta?", diz a manifestante em um bloqueio realizado em uma rotatória da cidade para denunciar "um falso anúncio" da parte do governo.

O premiê anunciou na terça-feira uma série de medidas para tentar acalmar o movimento, que inicialmente contestava o aumento do imposto ecológico sobre combustíveis poluentes: € 0,065 (R$ 0,28) sobre o litro do diesel e de € 0,029 (R$ 0,12) sobre o litro da gasolina. O acréscimo entraria em vigor a partir de 1° de janeiro de 2019.

Além do aumento do imposto sobre os combustíveis, a convergência da taxação do diesel ao da gasolina e o aumento do preço do diesel para os profissionais, também foram suspensos durante seis meses na terça-feira. Os valores do gás e da eletricidade não aumentarão durante o inverno e a concessão de um "bônus mobilidade" à população será avaliado, segundo Philippe, que declarou que está pronto a debater sobre todas as insatisfações e a revolta com os franceses.

Enquanto isso, o movimento continua crescendo e as reivindicações aumentam. Os coletes amarelos passaram a pedir também uma revisão geral da tributação na França, uma distribuição mais justa das riquezas, o restabelecimento do Imposto Sobre a Fortuna (ISF) - suprimido em 2017 por Macron -, e a realização de referendos sobre as principais questões envolvendo o país, entre outras exigências.

Segurança reforçada na capital francesa

Após o pronunciamento do primeiro-ministro, os “coletes amarelos” decidiram manter a convocação para uma nova manifestação no próximo sábado. Temendo mais violências e vandalismo, o governo anunciou o reforço do dispositivo de segurança em toda a França, mas principalmente em Paris.

Na classe política, as reações se dividem. O ministro francês do Interior, Christophe Castaner, e o ministro da Transição Ecológica, François de Rugy, pedem aos manifestantes que cancelem os protestos. Do lado da oposição, o presidente do partido Os Republicanos, Laurent Wauquiez, fez um apelo para que o governo instaure o estado de emergência no país.

Já a prefeita de Paris, a socialista Anne Hidalgo, declarou que condena as violências, mas acredita que é incorreto proibir os protestos, como as autoridades vêm fazendo em determinadas áreas da capital francesa, sem que a medida seja levada a sério pelos militantes. "Paris pertence a todos os franceses e é direito deles manifestarem em nossa cidade para questionarem o governo. O ministro do Interior deve colocar em prática seus dispositivos de segurança", afirmou nesta quarta-feira (5).

Assembleia e Senado debatem plano de Philippe

O plano apresentado pelo primeiro-ministro será debatido nesta quarta-feira na Assembleia. Philippe fará uma declaração nesta tarde diante dos deputados sobre a tributação ecológica e as consequências dessas medidas ao poder aquisitivo da população. Na quinta-feira (6) é a vez do Senado discutir as propostas do premiê para a crise.

Para a imprensa francesa, o recuo do governo chegou tarde demais. A demora do executivo para responder à revolta levou o movimento a receber adesões de outros setores também insatisfeitos como os "coletes laranja", como são chamados os trabalhadores da construção civil, agricultores e estudantes do Ensino Médio.

Segundo o governo, não há previsão que o presidente francês, Emmanuel Macron, se pronuncie publicamente sobre a questão. O chefe de Estado foi vaiado na noite de terça-feira por "coletes amarelos" de Puy-en-Velay, cuja prefeitura foi incendiada por militantes no último sábado.

Macron também afirmou que não pretende comentar o sarcástico tuíte do presidente americano, Donald Trump. O republicano voltou a criticar o Acordo de Paris sobre o Clima na terça-feira. "Fico feliz que meu amigo @EmmanuelMacron e os manifestantes concordem com a conclusão à qual cheguei há dois anos. O Acordo de Paris é fatalmente errôneo porque aumenta o preço da energia nos países com responsabilidade enquanto encobre os que mais poluem", tuitou.

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