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Um pulo em Paris

Movimento dos “coletes amarelos” contesta fim de imposto para os mais ricos na França

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A França se prepara para mais um fim de semana de manifestações populares, com protestos em várias cidades, inclusive em Paris. O que começou como um movimento contra o aumento do preço dos combustíveis, se tornou aos poucos uma onda de insatisfação contra a gestão do presidente francês Emmanuel Macron. Uma de suas medidas, criticadas pelos “coletes amarelos”, é o fim do ISF, um imposto sobre as maiores fortunas do país.

Manifestante em estrada francesa veste colete no qual é possível ler a frase "Quem semeia miséria, colhe miséria".
Manifestante em estrada francesa veste colete no qual é possível ler a frase "Quem semeia miséria, colhe miséria". REUTERS/Pascal Rossignol
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A lista de reclamações dos manifestantes é longa. Enquanto alguns contestam os preços dos combustíveis, há aqueles que defendem o aumento do salário mínimo, o fim do Senado, as aposentadorias mais altas e até estacionamentos gratuitos nos centros das cidades.

Em meio a tantas demandas, nem sempre classificadas do mesmo lado do tabuleiro político, uma delas reúne praticamente todos os manifestantes: a situação do ISF, o Imposto de Solidariedade sobre a Fortuna.

Em vigor na França desde os anos 1980, quando foi criada durante o governo socialista de François Mitterrand, a taxa suplementar era cobrada apenas de quem ganhava muito e que possuía um patrimônio bem acima de € 1,3 milhão. Porém, o presidente Emmanuel Macron, que se elegeu dizendo que não era nem de direita, nem de esquerda, decidiu acabar com esse encargo, substituindo-o por um imposto calculado apenas em função do patrimônio imobiliário, o que isentou muita gente.

Macron seguia a tendência de vizinhos europeus, como Alemanha e Itália, ou ainda Dinamarca, Suécia, Irlanda e Áustria, que aboliram esse tipo de tributação, em meados dos anos 1990.

Tentando segurar os ricos no território francês

Macron alegou que a decisão iria atrair investimento, além de segurar os empresários na França, pois muitos estavam começando a deixar o país para fugir do ISF. Mas isso não aconteceu. Segundo os economistas, a transformação do imposto fez com que o governo deixasse de arrecadar mais de € 3 bilhões e os investimentos não aumentaram como esperado.

O fim do ISF acabou se tornando um dos símbolos da administração de Macron, que logo passou a ser chamado de “presidente dos ricos”. Uma pesquisa de opinião divulgada na semana passada aponta que 73% dos franceses consideram que, no que diz respeito aos impostos, Macron costuma exigir menos sacrifícios das categorias mais privilegiadas.

A classe média baixa não engoliu o fato de ver seu poder aquisitivo cair, enquanto os mais ricos pagam menos impostos. E com o movimento dos “coletes amarelos”, o tema voltou novamente à tona, se tornando um dos pontos mais visados nos protestos na hora de criticar Macron.

Até agora o presidente não questionou o sistema e, mesmo se na terça-feira (27) fez um discurso reconhecendo a insatisfação popular, em nenhum momento o chefe de Estado cogitou implementar novamente o “imposto dos ricos”.

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