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França/ Movimento social

Extrema direita e esquerda radical tentam se apropriar do movimento “Coletes Amarelos”

O movimento social dos "coletes amarelos" volta a ser destaque na imprensa francesa desta sexta-feira (30). Na capa do Aujourd’hui en France, o ministro da transição ecológica, François de Rugy, e representantes do movimento se encontram para um diálogo na sede do jornal, em Paris.

Os coletes amarelos protestam na avenida Champs Elysées em Paris, em 24 de novembro de 2018.
Os coletes amarelos protestam na avenida Champs Elysées em Paris, em 24 de novembro de 2018. ©REUTERS/Benoit Tessier
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Inédito, o encontro se deu por iniciativa do diário, após duas semanas de manifestações em toda a França. Os representantes dos "coletes amarelos" trataram de diversas questões na reunião, que durou mais de uma hora. Eles falaram da suposta arrogância do presidente francês Emmanuel Macron e da dificuldade da vida fora dos grandes centros.

Mas o principal assunto foi a queda do poder de compra dos franceses. “Vocês se dão conta de que não podemos mais esperar, de que a França está em chamas, está sangrando?”, questionou o manifestante Jérôme Spennato. Ele também afirmou que, a partir do dia 15 de cada mês, já começa a ficar sem dinheiro.

Insatisfação generalizada

Os protestos, que começaram há duas semanas motivados pelo anúncio da alta de impostos sobre os combustíveis, cresceram rapidamente em todo o país e se tornaram um grito de insatisfação generalizada.

O ministro da transição ecológica escutou as reclamações dos representantes, que moram no meio rural e não têm alternativas de transporte, como os parisienses.

François de Rugy afirmou que o carro não é a única solução, mas que o governo francês está pronto para ajudar com até 4.000 euros os motoristas a comprarem um carro elétrico, novo ou de segunda mão. “Eu entendo que todo mundo queira pagar menos impostos, mas é com eles que financiamos as novas linhas de trem, por exemplo”, disse.

Vestidos de coletes amarelos mesmo durante a reunião, os manifestantes propuseram que o governo congele os impostos sobre os combustíveis enquanto acha uma solução para resolver o problema da queda do poder de compra. François de Rugy respondeu que, a cada trimestre sem a aplicação da taxa de carbono, haveria uma perda de 650 milhões de euros.

Outro representante dos "coletes amarelos", Bachir Khamis, disse que os franceses estão de "saco cheio". O ministro da transição ecológica respondeu que entendia o sofrimento e que o que se passa hoje é fruto de uma política pró-automóvel que perdurou por décadas.

"Há 20 anos, em 1998, nós já sabíamos do problema da poluição do ar para a saúde. Mas ainda assim houve um estímulo para a compra de carros a diesel. Perdemos 20 anos", disse o ministro, afirmando que agora o governo estimula que haja outras formas de transporte e que, para quem quer continuar com o carro, há alternativas como a carona e os carros elétricos.

Mélenchon e Le Pen se unem ao movimento

Em outra matéria, o Aujourd'hui en France dá destaque ao fato de os dois líderes da oposição populista francesa estarem reivindicando contra o governo junto com os "coletes amarelos".

O líder do partido de esquerda radical A França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, disse que anulou uma viagem ao México para se manifestar amanhã em Paris com o grupo. Já a líder do partido de extrema-direita, Reagrupamento Nacional, ex-Frente Nacional, Marine Le Pen, disse que apoia o movimento, mas que não irá às ruas com eles.

Mélenchon disse que os franceses estão chateados, mas não são fascistas, para evitar que o movimento seja recuperado pela extrema direita. Algo que, segundo analistas, já vem acontecendo.

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