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Um pulo em Paris

Centenário do fim da Primeira Guerra Mundial reúne 60 líderes mundiais em Paris

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Paris estará no centro das atenções neste fim de semana com as celebrações dos 100 anos da assinatura do Armistício de 11 de novembro de 1918, que selou o fim dos combates entre os Aliados e a Alemanha na Primeira Guerra Mundial. Mais de 60 líderes, incluindo o americano Donald Trump, o russo Vladimir Putin e a alemã Angela Merkel (Alemanha), além do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, participarão das comemorações.

Painel em homenagem aos 94.415 combatentes parisienses mortos durante a Primeira Guerra Mundial instalado em muro do Cemitério Père Lachaise.
Painel em homenagem aos 94.415 combatentes parisienses mortos durante a Primeira Guerra Mundial instalado em muro do Cemitério Père Lachaise. paris.fr/centenaire-armistice
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Às 10h de domingo, no horário local, 7h em Brasília, uma centena de convidados participarão de uma cerimônia no Arco do Triunfo em nome da memória e da construção da paz. Haverá uma leitura de nomes e idades de soldados que morreram nos últimos 12 meses do conflito. Depois, está previsto um almoço no Palácio de Versalhes e a abertura do Fórum da Paz, um evento que vai durar três dias e que será simbolicamente aberto pela chanceler alemã, Angela Merkel.

As comemorações este ano acontecem num momento delicado na Europa, com o retorno da influência dos movimentos nacionalistas, atiçados pelos ataques terroristas islâmicos nos últimos anos e a rejeição à imigração. A Europa se vê novamente ameaçada pela Rússia, que tem apostado numa fragmentação da União Europeia, e assiste-se a um retorno da lógica da Guerra Fria entre Rússia, Estados Unidos e China.

As novas gerações de franceses, incluindo jovens de 20, 30 anos, consideram a recuperação dessa memória coletiva da Primeira Guerra de extrema importância no contexto atual. Eles estão conscientes que o que acontece hoje na Europa, com o retorno do nacionalismo, não está muito longe do que aconteceu no pré-guerra. Então, é necessário saber tirar as consequências deste conflito para que ele não se reproduza.

Mais de 1,4 milhão de mortos na França

Nas famílias francesas, os avós e bisavós foram transmitindo de uma geração para outra a carnificina que foi a Primeira Guerra Mundial. Os números variam de acordo com historiadores, uma vez que a coleta de dados na época não era sistemática, mas foram 70 países envolvidos, pelo menos 10 milhões de combatentes mortos (1,4 milhão na França). Além disso, a Primeira Guerra marcou uma reviravolta na geopolítica do planeta, com a emergência de duas grandes potências, os Estados Unidos e a ex-União Soviética.

“Nós podemos considerar a Primeira Guerra Mundial como a matriz do século 20. Vemos o aparecimento da potência americana em 1917, que já era a principal potência industrial em 1914, mas ainda não tinha um peso político”, apontou o historiador Jean-Yves Le Naour em entrevista à RFI em julho de 2014. Naour escreveu diversas obras sobre o tema.

“E com a revolução bolchevique, tem o aparecimento do comunismo e da União Soviética, o segundo gigante. Eles apagam a Europa nas décadas seguintes, que começa a se suicidar no final da Primeira Guerra e termina de morrer na Segunda Guerra, deixando o espaço para o enfrentamento russo-americano.”

Franceses conservam imagem negativa de Trump

A visita de Trump a Paris é acompanhada pelos institutos de pesquisa. Uma nova sondagem publicada esta semana pelo instituto Odoxa mostra que 65% dos franceses conservam uma imagem negativa do republicano. O resultado revela uma leve melhora, porque há um ano 81% dos franceses tinham uma imagem ruim de Trump.

O presidente americano é detestado pelas categorias sociais superiores, ou seja, com maior nível de escolaridade (79%) e renda (84%), mas entre trabalhadores (57%) e os mais pobres (51%) a rejeição é menor. De modo geral, Trump continua bastante mal visto na França: 84% dos franceses acham que ele é “racista” e 83% o consideram “perigoso”.

A pesquisa também mostra que Trump não é considerado “corajoso”, nem “competente”, “eficaz” ou “carismático”. Apenas 10% dos franceses elegeriam uma pessoa com o perfil dele na presidência, e nesse caso são os simpatizantes da extrema direita.

Ultradireita cresce e planeja ataques

Esta semana, a polícia francesa deteve seis pessoas de perfil ultradireitista que planejavam matar o presidente Macron. O líder do grupo é um aposentado de 62 anos que mantinha uma página no Facebook de recrutamento de “patriotas”, como ele dizia, “corajosos o suficiente para praticar atos de violência em defesa do país”. Ele planejava atacar Macron durante as cerimônias do centenário da Primeira Guerra.

Macron está viajando há uma semana pelas cidades que foram palco de batalhas, e a ideia era cometer um ataque semelhante ao ocorrido contra Jair Bolsonaro durante a campanha: com faca, num momento em que Macron estivesse conversando com moradores. Quando o aposentado foi detido, ao lado de outros dois suspeitos, ele carregava uma faca. Em buscas posteriores, a polícia também encontrou armas nas casas dos suspeitos. Este é o terceiro grupo de direita ultrarradical que a França desmantela em um ano. Então, a ameaça populista, nacionalista, é real.

Memorial em homenagem aos mortos parisienses

A França tem 30.000 monumentos em homenagem aos mortos da Primeira Guerra espalhados em cidades e aldeias. No domingo, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, irá inaugurar o Monumento aos Mortos Parisienses, um painel de 280 metros de comprimento colado a um muro do Cemitério Père Lachaise, onde estão inscritos os 94.415 nomes de combatentes parisienses mortos no conflito.

Em frente à praça da prefeitura de Paris, de hoje a domingo também foram instaladas 95.000 primaveras azuis em homenagem a esses combatentes mortos.

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