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França / Marselha / Desabamento

“Não foi por falta de aviso”, diz morador de Marselha sobre desabamento de prédios

Após o desabamento de dois prédios no centro de Marselha, o número de vítimas aumenta a cada hora. Nesta terça-feira (6), as equipes de resgate encontraram mais um corpo sob os escombros, o terceiro desde o início das buscas. Segundo as autoridades, 5 a 8 pessoas continuam desaparecidas. Moradores da região ouvidos pela RFI relataram que o desastre não foi uma surpresa, tendo em vista a condição em que se encontram os edifícios da área central da cidade.

Bombeiros franceses trabalham para encontrar vítimas sob os escombros de 3 prédios que desabaram no centro de Marselha, 6/11/2018
Bombeiros franceses trabalham para encontrar vítimas sob os escombros de 3 prédios que desabaram no centro de Marselha, 6/11/2018 REUTERS/Jean-Paul Pelissier
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Com informações do correspondente da RFI em Marselha, Stéphane Burgatt

A rua onde estavam os dois prédios fica em um bairro pobre de Marselha, onde boa parte das construções mostram sinais de cansaço. “Toda rua está assim. Se você caminhar por ela, verá que todos os edifícios têm rachaduras, com parte do cimento se soltando e todas madeiras podres. Ou seja, não me surpreendo com o que aconteceu, sempre vi a rua d’Aubagne nesse estado”, conta um morador da região.

Os vizinhos estão escandalizados pelo estado de ruína do bairro. Um deles, Frédéric, afirma que vem alertando as autoridades há muito tempo. “Não é por falta de aviso, notifiquei a prefeitura várias vezes mas nada foi feito. Vemos que não fazemos parte das prioridades da atual gestão”, declara. Frédéric também afirma que as autoridades fecham os olhos para as condições precárias de moradia. “Basta visitar qualquer apartamento para perceber a situação abominável em que vivem as pessoas”.

Susto na vizinhança

Na segunda-feira (5), por volta das 9 horas (local), dois prédios, respectivamente de 4 e 5 andares, vieram abaixo no bairro de Noialles, no 1º distrito de Marselha. Um deles estava fechado e condenado desde 2008. O outro tinha 9 de 10 apartamentos ocupados. “Eu moro logo ao lado, estava assistindo televisão quando escutei um barulho enorme, só que não de explosão. Depois, só vi poeira e fumaça”, contou o morador Antonio Dias.

Outra vizinha, Sofia Benameur, afirma que também escutou o estrondo abafado dos escombros. Já a estudante Sophie, de 25 anos, morava no prédio e conta que ela poderia estar entre as vítimas. “No domingo, fui dormir na casa dos meus pais, pois, há vários dias, as portas de diversos apartamentos não estavam mais se fechando”, conta aliviada.

No começo da noite de ontem, um terceiro prédio desmoronou. “Decidimos usar uma escavadeira para retirar a parte do muro que estava rachada. O muro começou a cair sozinho e, de repente, tudo desabou”, relatou o chefe do corpo de bombeiros de Marselha, Charles-Henri Garié. Este terceiro edifício havia sido fechado e condenado em 2012.

Prefeitura coloca a culpa nas fortes chuvas

Mesmo fechado, e condenado após ter sido considerado insalubre, o prédio que estava vazio havia sido comprado pela prefeitura, que garantiu que ele estava “completamente seguro”. O outro prédio havia sido vistoriado no último dia 18 de outubro e levou a “obras de manutenção permitindo a reintegração dos moradores”, afirmou Arlette Fructus, secretária de habitação de Marselha.

Enquanto a prefeitura levantou a tese de uma catástrofe causada pelas fortes chuvas que caem na região, vários políticos da oposição chamaram a atenção sobre o amplo problema de moradia precária na cidade. A gestão atual promete desde 2011 implementar um vasto plano de remodelação do centro, mas até agora não conseguiu solucionar o problema. Segundo um relatório de 2015, 100 mil moradores têm a saúde e a segurança ameaçadas por questões de moradias insalubres em Marselha.

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