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Entrevista

Macron defende Europa forte contra "absurdez dos nacionalismos"

A Europa não poderá se defender sem "um verdadeiro exército europeu", afirmou o presidente francês, Emmanuel Macron, em uma entrevista difundida nesta terça-feira (6) pela rádio Europe 1. O centrista defendeu uma Europa forte e pacífica em oposição à "absurdez dos nacionalismos".

O presidente Emmanuel Macron (à direita) participa de cerimônia no Memorial da Batalha de Morhange (leste), no âmbito das comemorações do centenário do fim da Primeira Guerra Mundial.
O presidente Emmanuel Macron (à direita) participa de cerimônia no Memorial da Batalha de Morhange (leste), no âmbito das comemorações do centenário do fim da Primeira Guerra Mundial. REUTERS/Philippe Wojazer/Pool
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A seis meses das eleições para a renovação do Parlamento Europeu, Macron lembrou que o partido de extrema direita Frente Nacional, hoje rebatizado de Agrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen, saiu vencedor da votação ocorrida na França em 2014. "Espero que eles não vençam novamente", destacou.

"Em toda a Europa o nacionalismo cresce. O nacionalismo que pede o fechamento das fronteiras, que defende a rejeição do outro, do país vizinho ou daquele que eles chamam de migrante. Eles espalham o medo por todos os lados." Pesquisas realizadas em vários países apontam que partidos antissistema podem vencer as eleições europeias de maio de 2019.

Macron mostrou que o ressurgimento do populismo de direita combinado com o aumento de governos autocráticos constitui uma ameaça real às democracias europeias.

"Não protegeremos os europeus se não decidirmos ter um verdadeiro exército europeu. Diante da Rússia, que está em nossas fronteiras e que tem demonstrado que pode ser ameaçadora [...] temos que ter uma Europa que se defende mais sozinha, sem depender somente dos Estados Unidos e de maneira mais soberana", defendeu o chefe de Estado francês.

Europa em perigo diante da nova guerra entre potências

Em sua entrevista, gravada na noite de segunda-feira (5) na cidade de Verdun (leste), onde participa de uma série de comemorações do centenário do fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), Macron falou abertamente dos riscos em jogo para a estabilidade da União Europeia.

"Quando eu olho o mundo em que vivemos, a Europa aparece cada vez mais fragmentada. Potências autoritárias ressurgem e se rearmam nos confins da Europa. Nós somos impactados por tentativas de intrusão no ciberespaço e pela intervenção em nossa vida democrática. Nós devemos nos proteger da China, da Rússia e dos Estados Unidos", disse Macron. Ele  mencionou que a decisão recente do presidente americano, Donald Trump, de abandonar um grande tratado de desarmamento assinado com Moscou em 1987 coloca a Europa em perigo. "Quem é a principal vítima?", perguntou. "A Europa e a sua segurança", respondeu o presidente, acrescentando que não exagera em sua visão sobre esse cenário bélico.

A União Europeia tenta se adaptar ao novo contexto geopolítico ligado à vontade de Trump de reduzir o envolvimento dos Estados Unidos na defesa da Europa. Seus membros concordaram em estabelecer em 2019 um Fundo Europeu de Defesa para desenvolver as capacidades militares dos estados membros e promover a independência estratégica do bloco.

A França iniciou paralelamente com oito sócios um grupo europeu de intervenção destinado a implementar rapidamente operações militar e evacuações em países em guerra ou a oferecer assistência em caso de desastre. A capacidade de defesa reforçada da Europa é um dos "projetos" destacados por Macron na entrevista em resposta aos "medos" dos europeus.

Ultraliberalismo alimenta discurso de partidos antissistema

Macron também evocou as razões que têm levado eleitores europeus a apostar em partidos antissistema, em detrimento das formações tradicionais. "Devemos ouvir esses medos a respeito de uma Europa ultraliberal que não permite mais às classes médias de viver corretamente." Macron defendeu uma maior proteção aos trabalhadores, um bloco "menos aberto aos quatro ventos". Mas isso não exclui, segundo o líder francês, os imigrantes, que devem continuar obtendo asilo se de fato necessitarem de proteção, além de uma política de desenvolvimento e de segurança das fronteiras", completou.    

Marine Le Pen criticou a fala de Macron, dizendo que é o presidente que acena para os franceses com um discurso de medo. "Se tem alguém que porta o conflito hoje, esse alguém é Emmanuel Macron. Esse presidente não para de surfar na onda do medo de uma nova guerra hipotética e semeia a discórdia. Ele insulta seus colegas europeus tratando-os de leprosos", disse Le Pen.

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