França: ministro promete plano de ação contra briga de gangues em Paris

O ministro do Interior, Christophe Castaner, disse nesta quinta-feira (25) que fará um “combate sem falhas” contra o fenômeno das rixas entre gangues de adolescentes. Só nesta semana, dois jovens morreram em Paris e na região.

Christophe Castaner é o novo Ministro do Interior da França. O antigo ministro do Interior, Gerard Collomb, apresentou demissão no início deste mês. REUTERS/Philippe Wojazer/File Photo

Segundo Castaner, que tomou posse na semana passada, o governo prevê um plano de ação com “meios suplementares”. O ministro fez um anúncio durante uma visita a Lilas, no norte da capital, onde um jovem foi assassinado na madrugada de terça-feira (23).

“Nosso combate é contra a violência das gangues, que parece ter se tornado uma espécie de esporte nacional”, declarou ao lado do Secretário de Segurança Pública, Michel Delpuech. “Não deixaremos as gangues aterrorizarem os nossos bairros”, acrescentou. O plano permitirá realizar uma cartografia que dará os meios para que possamos acompanhar, controlar e sancionar”, prometeu. Em todas as delegacias, um policial será designado para acompanhar os bandos.

De acordo com o ministro francês, as brigas deixaram oito mortos em dois anos em Paris. Desde o início de 2016, a cidade já registrou mais de 250 rixas, envolvendo adolescentes, na maioria dos casos, entre 13 e 15 anos.

Só nesta semana, dois mortos

Em apenas duas semanas, dois adolescentes foram mortos no leste de Paris, e em Sarcelles, na região parisiense. Um jovem de 17 anos bateu a cabeça durante uma confusão perto de uma estação de trem. Segundo a polícia, o adolescente foi encontrado inconsciente com vários ferimentos na cabeça e faleceu no hospital. Um pedaço de vassoura e vários de madeira com traços de sangue foram achados no local. A autópsia ainda vai identificar a causa exata da morte.

Mais tarde, na mesma noite, um outro menino, de 16 anos, foi morto no 20° distrito de Paris, no leste da capital. Segundo a rádio Europe 1, a vítima é um adolescente de 16 anos, que também morreu em decorrência dos ferimentos. Há dez dias, um garoto de apenas 13 anos faleceu, no mesmo bairro. Quatro suspeitos foram presos. A causa da morte foi um edema pulmonar, provavelmente provocado por um chute.

Cultura gangsta e tráfico de drogas

Em entrevista ao jornal “Le Parisien”, o sociólogo Thomas Sauvadet explicou que dois fatores contribuíram para o desenvolvimento do fenômeno nos últimos 20 anos: o crescimento do tráfico de drogas, especialmente a maconha, e a influência crescente da cultura gangsta rap, “que celebra a figura do gangster todo-poderoso do território”.

Segundo ele, “sob essa dupla influência, os jovens que escapam da fiscalização dos adultos podem ser tentados a agir em bando na escola, centro comercial ou estação de trem”. Nem sempre, lembra, há uma relação com a delinquência, mas a ideia do território é importante. “Os jovens de bairros mais pobres vivem isolados nesses lugares. O romantismo próprio à adolescência faz com quem que esse espaço se torne uma espécie de identidade reivindicada”, diz.