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Imprensa

Jornal francês chama estratégia de Bolsonaro de "fábrica de fake news"

O jornal Le Figaro analisa nesta segunda-feira (22) as acusações que pesam sobre a campanha de Jair Bolsonaro (PSL) de ter montado uma "fábrica de fake news" para vencer a eleição no Brasil.

Um vendedor de camisetas com o rosto de Jair Bolsonaro no primeiro turno das eleições
Um vendedor de camisetas com o rosto de Jair Bolsonaro no primeiro turno das eleições REUTERS/Paulo Whitaker
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Duas investigações foram abertas, uma pela Polícia Federal e outra pelo Ministério Público, explica o diário conservador, com base na reportagem publicada pela Folha de S.Paulo. A matéria mostrou como empresários simpatizantes da candidatura do militar financiaram o envio de milhares de mensagens hostis ao PT pelo WhatsApp antes do primeiro turno, o que é ilegal e proibido pela lei eleitoral, destaca o jornal francês.

Le Figaro prossegue sua reportagem explicando que apesar dos dois inquéritos abertos, nada irá acontecer antes do segundo turno. Na época da reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2014, também afetada por suspeitas de caixa dois, a justiça brasileira demorou três anos para se pronunciar.

Na atual campanha, as redes sociais se tornaram o campo de batalha e o WhatsApp, com seus 120 milhões de usuários, seu principal protagonista. Um contexto semelhante ao que aconteceu na eleição de Donad Trump, em 2016. "A imprensa brasileira noticiou que um dos filhos de Bolsonaro, Eduardo, encontrou em agosto, em Nova York, o estrategista da campanha de Trump, Steve Bannon, responsável pela vitória do republicano na corrida pela Casa Branca", observa Le Figaro.

Pressionada, a direção do WhatsApp informou ter cancelado 100.000 contas no Brasil, mas a medida tem alcance reduzido porque ela não impede os grupos que espalham notícias falsas de continuar ativos, acrescenta Le Figaro. Isso não impedirá Bolsonaro de vencer a eleição, conclui o texto, informando que o candidato já está formando um governo de forte tonalidade militar.

A agência AFP diz que as milhares de mulheres que se levantaram contra Bolsonaro por suas declarações misóginas e machistas não conseguirão provavelmente barrar o caminho do candidato.

Ludmilla Teixeira, iniciadora do #elenão, ganha perfil no Le Monde

O jornal Le Monde traz um perfil da baiana Ludmilla Teixeira, 36 anos, iniciadora do movimento #elenão. Responsável pela publicidade em uma instituição pública, ela não fornece mais seu endereço por medo de ser atacada por simpatizantes do candidato do PSL. "Eu tenho medo dos pró-Bolsonaro", diz ela: "Eu sou uma mulher negra, nordestina, anarquista, defensora de animais e de minorias, agnóstica e ativista, as piores coisas aos olhos" do militar, explica Ludmilla.

Ouvido pela reportagem, Marlon Marcos, professor de antropologia da Unilab, Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afrobrasileira do Estado da Bahia, destaca que o movimento de mulheres é histórico. "Essa é uma ruptura [...], uma negação do patriarcado, #elenão tornou-se o símbolo da luta de todas as mulheres ofendidas", diz ele.

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