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Mélenchon e Le Pen denunciam perseguição política após operação policial em Paris

O Ministério Público de Paris abriu uma investigação nesta quarta-feira (17) contra o deputado da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon por "ameaças ou atos de intimidação contra a autoridade judicial" e "violência contra pessoas depositárias da autoridade pública". Ontem, Mélenchon reagiu com agressividade a uma operação policial em sua casa e na sede de seu partido.

Imagem do vídeo de Mélenchon discutindo com policiais em Paris.
Imagem do vídeo de Mélenchon discutindo com policiais em Paris. Fuente: Twitter/Le Quotidien.
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Nessa terça-feira (16), Mélenchon empurrou um promotor de justiça e foi para cima de policiais que realizaram uma operação de busca e apreensão de documentos em seu apartamento e na sede do movimento A França Insubmissa (LFI), no centro de Paris.

As buscas foram realizadas pelo Escritório Central de Combate à Corrupção e Infrações em conexão com duas investigações. Uma delas está relacionada com empregos-fantasma de membros da sigla de Mélenchon no Parlamento Europeu e a outra com irregularidades nas contas da última campanha presidencial. Além de qualquer leitura política, as buscas são um procedimento padrão em uma investigação de acordo com a legislação vigente.

Mélenchon foi surpreendido pela chegada de uma equipe de oito investigadores às 7h de terça-feira (16) em seu apartamento no centro de Paris. Ele filmou a operação policial com seu telefone celular e transmitiu ao vivo pelas redes sociais. Em vários momentos, o deputado se desentendeu com os representantes do Ministério Público.

No vídeo, Mélenchon disse que é alvo de perseguição política há vários meses, assim como seu partido de oposição, e que tentam fazer com ele o mesmo que fizeram com o ex-presidente Lula no Brasil. O deputado, vestido com a faixa oficial parlamentar nas cores da bandeira francesa, considerou as buscas como um ato político e chamou o presidente Emmanuel Macron de "pequeno personagem".

Em seguida, Mélenchon seguiu para a sede do partido, onde militantes e outros deputados alertados sobre as buscas enfrentaram os policiais que tinham lacrado o local. Em novo desafio, desta vez com violência, deputados da legenda, militantes e policiais derrubaram a porta e entraram em confronto.

O promotor agredido por Mélenchon pediu que o inquérito de desacato à autoridade e atos de violência seja realizado por um outro tribunal distrital, por uma questão de imparcialidade. Já o diretor de campanha do partido de Mélenchon, Manuel Bompard, disse que o movimento apresentou quatro queixas por "violência" cometida contra membros da legenda.

Marine Le Pen aplaude e denuncia perseguição de Macron

As cenas de violência provocaram reações de parlamentares e de membros do governo. A líder da extrema direita, Marine Le Pen, do partido Agrupamento Nacional (RN), também visada por uma investigação similar de empregos-fantasma no Parlamento Europeu, aplaudiu a atitude de Mélenchon em sessão do Parlamento.

"Com esses pseudo-escândalos de assistentes parlamentares, o poder tem nossos computadores, nossas notas, todos os contatos que fizemos por telefone e por e-mail nos últimos anos. Isso dos dois partidos que fazem oposição ao governo Macron, o RN e a LFI", escreveu Marine no Twitter. "Os direitos políticos da oposição são fortemente desrespeitados com essas investigações; a democracia está morrendo", acrescentou.

Convidado esta manhã na rádio RTL, o porta-voz do governo, Benjamin Griveaux, repreendeu Mélenchon por ser "republicano quando lhe convém" e por usar "os mesmos argumentos que Marine Le Pen".

O líder da bancada da direita no Senado, Bruno Retailleau, do partido Os Republicanos (LR), afirmou que os parlamentares "não estão nem acima nem abaixo da lei".

"Mélenchon reagiu com o seu temperamento, mas estou preocupado com a instrumentalização da justiça para fins políticos", denunciou o ex-candidato nacionalista à presidência Nicolas Dupont-Aignan.

O centrista François Bayrou, presidente da sigla Modem, disse que todos os partidos políticos foram revistados em investigações, inclusive o dele, "o que é bastante violento". "O sentimento é de injustiça quando acreditamos não ter feito nada errado", afirmou Bayrou. Por outro lado, o centrista estima que isso "não justifica a gritaria, a violência e o enfrentamento físico". Um político é um cidadão como qualquer outro diante da justiça", declarou Bayrou.

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