França: faculdade de enfermagem de Toulouse investiga trote violento
Os representantes do sindicato francês CGT do hospital de Toulouse denunciam atos de violência ocorridos nesta terça-feira (5), durante uma festa organizada pelos veteranos da faculdade de Toulouse, no sul do país.
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Segundo testemunhas, os calouros foram reunidos em um anfiteatro e tiveram as mãos amarradas com fitas adesivas. Em seguida, os cerca de 100 veteranos que participaram do trote misturaram ovos, farinha, vinagre, antissépticos e ração para animais e jogaram nos rostos dos jovens estudantes – inclusive nos olhos, descreve o comunicado da CGT.
Cerca de 250 universitários estavam presentes na hora do trote, que durou mais de uma hora. Eles também foram obrigados a cantar músicas eróticas e, caso se recusassem, eram alvo de uma nova chuva de ovos.
De acordo com o sindicato francês, os calouros que se recusaram a participar da brincadeira foram impedidos de deixar o anfiteatro. “Muitos declararam ter sido humilhados publicamente”, diz o texto do comunicado, que denuncia uma prática “ultrapassada” e exige que a instituição se responsabilize e peça desculpas aos estudantes.
Une enquête interne est ouverte au #CHU de #Toulouse après le #bizutage de 250 élèves de première année en école d’infirmiers pic.twitter.com/sDWL6XJuMD
viaOccitanieTV (@viaOccitanieTV) 6 septembre 2018
A denúncia foi feita pela rádio francesa France Bleu, que não obteve o depoimento de nenhum aluno. Conhecido como “bizutage” na França, o trote é proibido por lei desde junho de 1998. A direção da faculdade de enfermagem garantiu que irá abrir uma investigação interna para verificar as denúncias.
O comitê de higiene, segurança e condições de trabalho também se reuniu nesta quinta-feira (6) para averiguar o caso.
Prática recorrente
Apesar de ilegal na França, o trote é uma prática recorrente. Em 2011, quatro estudantes franceses foram condenados a oito meses de prisão pelo Tribunal Correcional de Paris.
Veteranos da Universidade Paris-Dauphine e responsáveis de uma associação estudante, eles obrigaram um calouro, durante uma “entrevista de seleção”, a tirar a roupa, o embebedaram, prenderam suas mãos e amarraram uma corda em volta do pescoço.
O jovem também levou socos na cara. Os veteranos ainda escreveram o nome da associação nas costas do aluno com uma tampinha de garrafa
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