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Saúde

França: a cada dia, um bebê tem distúrbio detectado por consumo de álcool na gravidez

A agência sanitária Saúde Pública da França divulga nesta terça-feira (4) a primeira estimativa de problemas causados pela síndrome do alcoolismo fetal. Segundo o documento, a cada dia no país, um recém-nascido tem algum distúrbio detectado devido ao consumo de álcool pelas mães durante a gestação.

Autoridades sanitárias francesas recomendam zero consumo de álcool durante a gravidez.
Autoridades sanitárias francesas recomendam zero consumo de álcool durante a gravidez. www.bebe.org
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Os números são chocantes: entre 2006 e 2013, 3.207 bebês apresentaram ao menos uma consequência relacionada ao consumo de bebidas alcoólicas durante a gestação. Entre estes, 452 recém-nascidos tiveram a síndrome do alcoolismo fetal detectado, a mais grave doença relacionada à ingestão do álcool por grávidas. No entanto, a agência ressalta que esses números devem ser muito maiores devido à dificuldade de diagnosticá-los.

As autoridades sanitárias francesas insistem na recomendação do consumo zero de bebidas alcoólicas durante a gestação. "O álcool atravessa a placenta e é tóxico para o bebê", explica o diretor-geral da Saúde Pública da França, François Bourdillon.

As consequências podem ser muito graves: desde anomalias físicas - como atraso de crescimento, malformações - até neurológicas - como atraso mental, déficit de atenção, problemas de memória e dificuldades de aprendizado. "A síndrome do alcoolismo fetal é a primeira causa de deficiências mentais não genéticas em bebês e de inadaptação social da criança. É uma doença é inteiramente evitável", salienta o relatório da agência.

Zero álcool durante a gravidez

A Saúde Pública da França lançará uma campanha de informação sobre a doença no próximo dia 9 de setembro, Dia Mundial de Luta contra a síndrome do alcoolismo fetal, que tem o slogan: "Por precaução, zero álcool durante a gravidez". Atualmente, uma a cada dez grávidas admite ingerir bebidas alcoólicas.

Uma das responsáveis pela campanha, Caroline Marcel-Orzechowski, reconhece a dificuldade de passar a mensagem da abstinência completa na França, onde o consumo do vinho tem uma dimensão cultural. O problema é que, segundo ela, "não conhecemos a dose de álcool a partir da qual podemos afirmar que não há perigo para o bebê", ressalta.

Por isso, ela salienta que é importante não culpabilizar as mulheres e realizar uma comunicação otimista sobre o assunto. "A campanha lembra às mulheres que elas têm a escolha livre para consumir bebidas alcoólicas durante a gravidez, mas isso tem riscos", reitera Marcel-Orzechowski. Com a comunicação realizada nos últimos anos sobre o tema, a quantidade de franceses que se dizem conscientes do perigo do consumo do álcool para os bebês passou de 25% a 44%, no período de 2015 a 2017.

A luta contra esse problema está na mira da ministra da Saúde da França, Agnès Buzyn. O plano nacional de saúde do governo também prevê aumentar o tamanho do selo de proibição do consumo de álcool por grávidas nas garrafas de vinho francês, embora a resistência do lobby do setor no país. Para as vinícolas, a imagem passa a mensagem que consumir o produto é "um delito".

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