"Assegurar preservação do patrimônio é responsabilidade da sociedade", diz presidente do Ibram sobre incêndio no Museu Nacional
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Um dia após o incêndio de grandes proporções que atingiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, a RFI conversou com Marcelo Matos Araújo, presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), órgão responsável pela administração direta de 30 instituições do país.
Até agora é difícil avaliar as consequências dessa tragédia para o Brasil. “É um impacto terrível, toda a coleção que estava dentro do museu teve destruição total, isso é uma perda irrecuperável e irreparável para a cultura brasileira e mesmo para a cultura mundial”, avalia Araújo. “O acesso ainda não foi autorizado, mas as primeiras avaliações dizem que o prédio se manteve, mas todo o acervo que se encontrava lá dentro foi destruído”, completa.
Somente depois que for autorizada a entrada nos escombros do edifício centenário e os profissionais puderem fazer uma vistoria, é que será possível fazer um diagnóstico preciso dos estragos. “É um prédio muito grande, tem mais de três mil metros quadrados e esse processo vai ter que ser feito com muito cuidado para identificar eventuais peças ou destroços. O tempo necessário para isso ainda não pode ser definido”, explica o presidente do Ibram. “A maior preocupação é aguardar a liberação do local para que os técnicos de conservação e segurança do museu possam entrar e fazer essa avaliação dos danos e das ações de recuperação que possam ser empenhadas”.
Marcelo Matos Araújo diz que ainda é cedo para afirmar o que provocou as chamas e que somente após o trabalho da perícia será possível conhecer as causas do incêndio. Entretanto, a grande repercussão desse fato pode servir de alerta para os brasileiros. “A nossa expectativa é que diante dessa tragédia a sociedade brasileira possa ter uma outra posição em termos de reconhecimento da importância da preservação do patrimônio cultural. Que nós tenhamos no Brasil políticas mais consolidadas e que haja um apoio mais consistente para o desenvolvimento dessas ações”, invoca.
Fatalidade antes de restauração
As chamas que destruíram praticamente duzentos anos de história surpreenderam a administração do Museu Nacional às vésperas de um projeto de revitalização. “O museu seguia procedimentos adequados, é uma infelicidade imensa. É claro que em termos de preservação havia toda uma iniciativa de treinamento de equipes, de tomada de posição, o museu estava se preparando para iniciar um projeto de restauro, então é uma fatalidade, uma tragédia imensa”, declara o dirigente do Ibram.
“Da parte do Ibram, nós temos uma grande preocupação e consciência, o que nós esperamos é que a sociedade brasileira como um todo possa ter uma visão da necessidade da preservação do patrimônio cultural brasileiro”, espera Marcelo Matos Araújo. “Assegurar a preservação adequada do patrimônio histórico e cultural brasileiro é uma responsabilidade de toda a sociedade brasileira”, conclui.
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