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Revista francesa denuncia presença de glifosato e conservante tóxico em produtos para bebês

A revista francesa 60 Milhões de Consumidores divulga nesta quinta-feira (23) os resultados de um novo estudo realizado em 155 produtos para bebês. Os testes revelam a presença de resíduos potencialmente tóxicos em algumas fraldas, lenços umedecidos e hidratantes, mas as conclusões são contestadas pelos fabricantes.

A revista 60 Milhões de Consumidores recomenda produtos sem perfume, conservantes e colorantes para bebês.
A revista 60 Milhões de Consumidores recomenda produtos sem perfume, conservantes e colorantes para bebês. Creative Commons
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Das 12 marcas de fraldas analisadas pelo Instituto Nacional de Consumo (INC) para a revista, quase a metade apresentou traços de substâncias tóxicas. Em quatro marcas (Love & Green, Lotus Baby, Pommette e Lillydoo) foram encontrados vestígios do controvertido glifosato, um desregulador endócrino potencialmente cancerígeno, de acordo com o Centro Internacional de Pesquisas sobre o Câncer. Na marca Mots d'Enfants foram detectados compostos orgânicos voláteis (COV), poluentes que podem provocar irritação na pele, mucosas e no sistema pulmonar, representando riscos para a saúde dos bebês a curto e longo prazos.

Em relação aos lenços umedecidos, a maioria dos fabricantes renunciou ao uso do fenoxietanol (phenoxyethanol), um conservante que inibe a propagação de micróbios, depois de uma recomendação feita pela Agência Natural de Segurança do Medicamento. Mas em três dos 44 lenços umedecidos testados, inclusive de uma das marcas mais vendidas, a Mixa Bébé, do grupo L'Oréal, o fenoxietanol ainda é usado como ingrediente. O conservante controverso também aparece em cremes hidratantes das marcas Mixa Bébé e Nivea Baby.

A revista 60 Milhões de Consumidores destaca que, mesmo em doses muito pequenas, não se deve negligenciar o risco sanitário ligado à presença dessas substâncias.

Entrevistado pela rádio France Info, o editor-chefe-adjunto da revista, Benjamin Douriez, explicou que as mesmas marcas testadas no passado não continham substâncias tóxicas. A alteração pode acontecer com uma eventual troca de fornecedor, de matéria-prima ou mudanças no processo de fabricação. Por isso, a revista recomenda um controle mais rigoroso na fabricação.

Fabricantes condenam "sensacionalismo"

O sindicato nacional de fabricantes do setor, Group'Hygiène, contestou os métodos utilizados no estudo. Em comunicado, a entidade declarou que a revista adotou uma abordagem sensacionalista dos resultados, alegando que as raras substâncias nocivas identificadas também são encontradas no meio ambiente.

A marca alemã Lillydoo se defendeu, dizendo que nos testes de qualidade feitos pelo próprio fabricante, não foi encontrado nenhum traço de glifosato. A substância pode ter migrado para as fraldas porque estava na composição das caixas de embalagem.

Mas a revista 60 Milhões de Consumidores defende a adoção de uma lei que imponha a transparência total aos fabricantes sobre fibras, perfumes e colorantes em contato com a pele frágil dos bebês. Segundo a publicação, a maioria dos produtos vendidos na França não colocam em risco a saúde das crianças, mas ainda existe uma preocupação com a presença do fenoxietanol, o conservante que deveria ser banido por essa indústria.

Essa substância também está presente em produtos para bebês fabricados no Brasil.

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