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Planeta Verde

Programa de apadrinhamento de colmeias visa proteger abelhas na França

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A diminuição do número de abelhas e outros insetos polinizadores tem se mostrado um problema ambiental grave na França. Apesar de serem muito conhecidas pelo mel que produzem, os benefícios das abelhas para o meio-ambiente vão muito além disso.  

As abelhas têm papel essencial na polinização e a exterminação delas pode trazer sérios prejuízos para a produção de alimentos.
As abelhas têm papel essencial na polinização e a exterminação delas pode trazer sérios prejuízos para a produção de alimentos. REUTERS
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Elas são responsáveis pela polinização de diversas espécies vegetais, o que significa que a reprodução dessas plantas depende da ação dos insetos. Sem as abelhas, uma parte considerável da produção de alimentos fica prejudicada, como explica Henri Clement, secretário-geral da União Nacional da Apicultura Francesa:

"Se as abelhas e os insetos polinizadores desaparecerem, um terço da alimentação dos seres humanos estará em perigo. Segundo especialistas, 35% dos recursos alimentares do planeta dependem das abelhas e dos insetos polinizadores. É uma quantidade importante. Atualmente, tanto na Europa, quanto nos Estados Unidos, a questão da apicultura não é a produção de mel, de pólen, de própolis ou de geleia real, a questão principal é a polinização."

Com o objetivo de ajudar na manutenção dessa espécie tão importante, uma associação criou um programa de apadrinhamento de colmeias. Com o sugestivo nome de "Um teto para as abelhas", o projeto propõe às pessoas e às empresas de se engajarem nesta causa. Zakia Abarou, que preside a iniciativa, explica que o projeto começou para ajudar apicultores regionais. Hoje já são 40 mil padrinhos e em torno de 1500 empresas parceiras. Mais de 5000 colmeias já foram instaladas pelo projeto. Eles calculam que o custo mensal de cada uma delas seja em torno de 350 reais. As empresas são então incentivadas a contribuir com esse valor todo mês enquanto as pessoas podem participar doando algo equivalente a 35 reais mensais, o que equivale a 10% do custo total.

Abarou salienta que é muito importante incentivar a criação de novas colmeias porque anualmente uma parte significativa das população de abelhas já existente morre. Segundo ela, a cada ano, um apicultor perde em média 30% de suas colônias e há várias causas para isso. "Os pesticidas são a primeira causa evidentemente, mas há também infecções parasitárias como o Varroa, os ataques de vespa asiática, que chegou nos anos 2000, e a monocultura, que empobrece o solo, e impede que as abelhas encontrem néctar e pólen suficiente para poder se alimentar", relata.

Os pesticidas são os principais culpados

Beatrice Robrolle, presidente da associação Terra das Abelhas, alerta, no entanto, que esse trabalho não resolve as causas da exterminação das abelhas. Ela destaca que a ação no nível institucional e governamental é muito importante para mudar as políticas públicas e conscientizar aqueles que tomam decisões políticas. Sua associação tem um trabalho de fazer lobby contra as grandes empresas químicas e informar os políticos das principais questões que estão em jogo. Quanto às causas da exterminação das abelhas, Beatrice é categórica quanto à culpa dos pesticidas. Segundo ela, a causalidade está claramente demonstrada e é irrefutável.

Os pesticidas neonicotinoides são apontados como os mais prejudiciais às abelhas. Alguns desses produtos já são proibidos na França e, segundo o site do Ministério da Agricultura, toda essa família de pesticidas não poderá mais ser utilizada no país até meados de 2020. Para Robrolle, "o recurso à química, que seja química para a agricultura ou para a medicina, só deveria acontecer quando não há outras soluções. Mas ele se tornou algo sistemático".

Henri Clement concorda que a causa preponderante da morte de abelhas são mesmo os pesticidas e acrescenta que é preciso avaliar com cuidado as iniciativas chamadas verdes ou ecológicas, já que muitas vezes elas servem apenas para tentar melhorar a imagem de empresas e governos, mas não têm resultados efetivos. Por isso a União Nacional da Apicultura Francesa criou o selo APIcité para certificar projetos que realmente contribuem para essa causa.

O projeto classifica as iniciativas que se candidatam ao selo dando a elas "uma, duas ou três abelhas, a depender do compromisso delas com a causa dos insetos polinizadores."

As exterminação de abelhas são um sintoma grave de um meio ambiente desequilibrado. Elas funcionam como um sinal de aviso de que algo precisa ser feito. É por isso que, seja com programas de apadrinhamento, selos de qualidade ou trabalho de conscientização política, a sociedade francesa tem se mobilizado para tentar evitar que esse grave problema ambiental tome dimensões ainda maiores.

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