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Radar econômico

Venda de ventiladores aumenta 125% na França devido à onda de calor

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A onda de calor que sufoca o território francês tem impacto também na economia. Com os termômetros marcando perto dos 40 graus, cada um tem a sua técnica para se refrescar. 

Pessoas se refrescam nas fontes do Trocadéro, em frente à Torre Eiffel, no dia 2 de agosto de 2018.
Pessoas se refrescam nas fontes do Trocadéro, em frente à Torre Eiffel, no dia 2 de agosto de 2018. GERARD JULIEN / AFP
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Bebidas geladas são indispensáveis à beira da praia, diz um turista entrevistado pelo canal de TV France 2 em Gruissant, no sul do país. “Tem biscoito, suco de fruta, mas sobre tudo bebidas para hidratar as crianças”.

Outra banhista tem uma fórmula simples: "Bastante banho, água e sombra,” diz.

Resultado, água mineral virou artigo de luxo no balneário, lotado de visitantes nessa época do ano. No supermercado, o gerente diz que as vendas cresceram 40% e que o estoque está quase no fim.

“As prateleiras normalmente estão cheias até o alto, e colocamos o máximo de garrafas ao alcance dos clientes. A mercadoria foi reposta ontem e já não temos a marca mais barata, e mesmo as outras estão no fim”.

Para quem não tem a brisa do mar, o jeito é apelar para os ventiladores. Equipamento pouco usual na Europa, mas que agora virou um campeão de vendas.

Segundo o Instituto de estudos de mercado GFK, as vendas de ventiladores aumentaram 125% no mês de julho em relação ao mesmo período do ano passado.

No caso dos aparelhos de ar condicionado, que pouca gente imaginava comprar considerando que o período de calor e relativamente curto no país, o aumento das vendas chega a 192%.

A razão é a intensidade do calor que faz nesse momento em quase todos os departamentos da França, com temperaturas acima dos 35 graus em várias cidades, especialmente nos últimos dois dias.

Algumas indústrias estão surfando essa onda de calor. E o caso da empresa Climsom, sediada em Nantes, no oeste do país, que fabrica colchões refrigerados. Mas mesmo os fabricantes foram pegos de surpresa, como explica o co-fundador da marca, Frédéric Claudel. 

“É verdade que em momentos como esse de calor extremo as vendas explodem. Temos dificuldade de atender a demanda que é enorme, e as vendas estão muito acima do que são em período normal," afirma.

“Nós produzimos mais esse ano do que no ano passado, porque percebemos que as ondas de calor são cada vez mais frequentes, então nós antecipamos esse aumento de vendas, mas não o suficiente, porque foi ainda mais forte do que a gente imaginou. Acho que todos fomos surpreendidos, sobretudo depois do mês de junho, que na França foi pouco ensolarado e com temperaturas amenas. Então ficamos surpresos com as temperaturas altíssimas desse mês de julho e de agosto,” completa o empresário.

Assim como o mercúrio dos termômetros, os números de vendas só sobem.

“Faz uns dez anos que estamos no mercado e já vendemos, só no território francês, mais de dez mil unidades, e para dar uma ideia do impacto do calor sobre o mês de julho, fizemos mais 50 % de vendas em relação ao mês de julho habitual”.

Esse tipo de produto pode interessar especialmente àquelas pessoas que dormem mal durante a noite. Segundo uma pesquisa encomendada pela própria empresa, 73% dos franceses acreditam que o calor tem um impacto negativo sobre a qualidade do sono.

A explicação científica é que a temperatura é determinante para o ritmo biológico do corpo, influenciando na criação da melatonina, um hormônio chave na regulação do sono.

A solução que vem de Nantes é colocar um colchão de aproximadamente um centímetro entre o colchão verdadeiro e os lençóis. Uma caixa conectada à rede elétrica, no pé da cama, guarda um tanque de água. Esta água flui através do colchão resfriando ou aquecendo, no inverno, com temperaturas que variam entre 18 e 48 graus. Disponível a partir de 350 euros, o equipamento consome menos energia do que a necessária para refrescar um quarto inteiro, dependendo da marca e do modelo.

Perguntado se o calorão é bem-vindo durante todo o resto do verão, Frédéric hesita.

“Sim num sentido e não em outro porque sofremos todos por causa do calor. Acho que nós não queremos muito nos equipar com um ar condicionado, porque é caro, é poluente e exige manutenção, enquanto o objetivo do nosso produto é reagir a tudo isso. Você simplesmente coloca sobre a cama e vai refrigerar somente a superfície da cama, consumindo pouca eletricidade, dez vezes menos do que a climatização tradicional, e sem emissão de gases de efeito estufa," explica.

Outros pequenos cuidados podem diminuir a sensação térmica atual. Como simplesmente borrifar água no corpo. A prefeitura de Gruissant comprou 800 sprays de água termal para distribuir às pessoas mais fragilizadas nessa época, como os idosos.

“As pessoas não sabem que se não bebemos água regularmente ou nos molhamos com frequência podemos ter sérios problemas e eventualmente ficarmos doentes,” diz o prefeito Didier Cordoniou, em entrevista para o canal de TV France 2.

De acordo com a meteorologia, o calor deve diminuir na França nos próximos dias. Talvez não o suficiente para esfriar as vendas desse tipo de mercado.

 

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