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A Semana na Imprensa

“Querida Brigitte”: franceses escrevem cartas à primeira-dama

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Mesmo se a legitimidade ou não do posto de primeira-dama tenha gerado polêmicas na França depois da eleição de Emmanuel Macron, não são poucos os franceses que decidem “pegar a caneta” e escrever cartas à mão para Brigitte, mulher do chefe de Estado. Segundo a revista semanal L’Express, “com muita esperança, mas também com algumas decepções”.

"Cara Brigitte": estes franceses que escrevem para o Palácio do Eliseu é o destaque da revista semanal L'express.
"Cara Brigitte": estes franceses que escrevem para o Palácio do Eliseu é o destaque da revista semanal L'express. Fotomontagem RFI
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“Muitas vezes, eles escrevem para seu deputado, prefeito, para um ministro, quando não é para o presidente da República. Em vão”, publica o L’Express. “Então, um dia, eles retomam a caneta e lançam uma mensagem numa ‘garrafa ao mar’ para "Madame, a primeira-dama’ ou simplesmente para ‘Madame Macron’. Eles contam sobre sua vida cotidiana, suas dificuldades, suas lutas”, diz o periódico.

“Não se fala disso em todos os lugares?”, pergunta L’Express: “Madame Macron é simpática, aberta, receptiva aos franceses. Ela encarna a parte humana de seu marido, criticado por ‘estar longe daqueles que nada têm’. Com uma média de 250 correspondências por dia, será que ela recebe mais cartas do que aquelas que a precederam? ”.

A revista diz que, no Palácio do Eliseu, sede do governo francês e residência atual do casal Macron, os funcionários juram que “Brigitte lê, Brigitte responde”. O periódico foi então ao encontro de cidadãos franceses que escreveram para a primeira dama. “À sua maneira, eles contam uma história sobre o poder. Um pouco diferente da versão oficial, mas instrutiva”, diverte-se L'Express.

“Como uma amiga, uma irmã, alguém próximo”

Uma dessas pessoas, Olivia Cattan, presidente da ONG SOS Autismo, disse a L’Express que escrever a Brigitte Macron lhe pareceu óbvio. “Tendo encontrado a primeira-dama ainda durante a campanha presidencial, ela pediu e obteve seu email. “Após as eleições, Cattan enviou um pedido para tentar marcar um encontro. Mãe, mulher, professora, perto do poder sem sofrer com as amarras administrativas, Brigitte Macron parece a porta ideal para todos aqueles que lutam para serem ouvidos”, diz a revista.

"Decidimos tentar falar com ela porque ela foi professora. Achamos que fosse receptiva e humana, contra a lógica contábil de nossos tradicionais interlocutores", resume Candice Vaquin, mãe de uma aluna que luta contra o fechamento de uma escola em Mainneville, na região do Eure, em depoimento ao periódico.

A espera é cheia de expectativas e demoras para quem escreve para a primeira-dama da França, conta L’Express. “Todos guardam um registro do envio da carta, o aviso de recebimento. Eles contam os dias, depois as semanas esperando por uma resposta. Muitos se esquecem que, exceto para as poucas missivas consideradas urgentes, as cartas devem seguir um processo lento nos meandros do Eliseu: passagem pelo serviço de correio presidencial, verificação do passado epistolar da pessoa em questão, um primeiro esboço de resposta feito pela equipe de Brigitte Macron, formalização, e, finalmente, a assinatura”, lembra a revista.

Alguns franceses se sentem decepcionados com a resposta, como Olivia Catan, do SOS Autismo: "Recebemos um telefonema do conselheiro do presidente, mas gostaríamos de ter um encontro com Brigitte Macron. Para expor as dificuldades do cotidiano, uma reunião é mais forte do que uma correspondência impessoal", reclamou. “Falta de resposta, atrasos muito longos ou cartas imprecisas reforçam o sentimento de abandono de parte da população”, afirma L’Express.

Segundo o periódico, o Eliseu alega a impossibilidade de resolver todos os casos, mas promete que nada é deixado de lado, e que Brigitte Macron usa as cartas para alimentar as conversas com o chefe de Estado. ”Não temos certeza se este argumento é válido para esses franceses que queriam acreditar em uma primeira-dama que os ouvisse e que descobrem que ela é menos poderosa do que se imaginava”, conclui a revista semanal.

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