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França

França pode voltar a ter serviço militar obrigatório

Mais de um século depois da criação do serviço militar, em 1905, o governo da França avalia a ideia de um "serviço universal para jovens" de curta duração, sobre o qual lançará uma consulta. A proposta foi apresentada nesta quarta-feira (27), em uma reunião do conselho de ministros. Essa era uma promessa de campanha do presidente Emmanuel Macron, e deverá atingir cerca de 600.000 jovens por ano. O custo é estimado entre € dois e três bilhões. O Palácio do Eliseu, contudo, ainda não definiu de onde virão os recursos para essa formação.

Soldados franceses garantem a segurança nas ruas de Paris durante os jogos da Eurocopa.
Soldados franceses garantem a segurança nas ruas de Paris durante os jogos da Eurocopa. REUTERS/Philippe Wojazer
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O recrutamento obrigatório foi introduzido no país em 1798, através da lei Jourdan, mas a prestação do serviço era limitada por um sistema de sorteio. Com a lei de 21 de março de 1905, o recrutamento se torna universal. O serviço militar passa a ser obrigatório para milhões de jovens franceses de todas as classes sociais. A primeira leva de recrutas, formada em 1906, tinha 260.000 homens, durante um período de dois anos.

Em 1913, o serviço foi estendido para três anos. A mobilização alcançou 8,5 milhões de franceses para a guerra de 1914-1918. Uma década depois, o período voltava a ser de um ano, para ser estendido, novamente, então para dois anos, em 1935.

Cinco milhões de homens foram mobilizados para defender a França em 1939. Após a Segunda Grande Guerra, em 1950, o período do serviço militar mudaria de novo, dessa vez para dezoito meses. Já entre 1954 e 1962, por causa da guerra na Argélia, um milhão de recrutas foram chamados para servirem por até 30 meses. Em 1965, o serviço militar na França caiu para 16 meses, depois para 12, nos anos de 1970 até a instituição do serviço nacional de 10 meses, a partir de 1992.

Em 1996, o presidente Jacques Chirac anunciou a profissionalização das forças militares do país. A lei de 28 de outubro de 1997 suspendeu o alistamento para os franceses nascidos depois de 1978. O serviço militar terminou, na prática, em 29 de novembro de 2001.

A partir de então, jovens garotos e garotas francesas devem se registrar aos 16 anos para participar de um dia de preparação para a defesa, ao completarem dezoito anos.

Desde 2006: serviço civil e voluntário 

Após a crise de violência nos subúrbios franceses em 2005, um decreto estabeleceu um "serviço civil voluntário", permitindo que jovens entre 16 e 25 anos se integrem por 6, 9 ou 12 meses em uma organização, com uma missão de interesse geral ou que favoreça a inserção profissional, como por exemplo na defesa, polícia, saúde, cultura, etc.

Em 2010, uma lei criou um "compromisso de serviço cívico", não obrigatório, para missões de interesse geral de 6 a 12 meses, aberto a jovens entre 16 e 25 anos. Cerca de 92 mil jovens atenderam ao chamado, um aumento de 75% em relação ao ano anterior, segundo o relatório de atividades da Agência Nacional de Atendimento Cívico.

Em fevereiro de 2018, o Presidente Macron se pronunciou a favor de um serviço nacional obrigatório, com duração de três a seis meses, que poderia ter uma "forma cívica".

Nesta quarta-feira (26), o porta-voz do governo, Benjamin Griveaux, informou que o governo anunciará para o outono uma ampla consulta. O ministro da Educação da França, Jean-Michel Blanquer disse que a tendência é de a proposta ser aceita. “ Não se pode definir o orçamento antes do projeto”, ponderou. “ É preciso definir onde se quer chegar, e isso nós sabemos, para então definir de onde virão os recursos. Mas esse é um projeto presidencial claro, é uma prioridade, um projeto de sociedade”, concluiu.

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