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França/Prostituição

“Estou perdida, mamãe”: adolescente revela pesadelo em rede de prostituição na França

Em entrevista ao site de France Info nesta segunda-feira (25), uma francesa de 15 anos detalha os horrores vividos dentro de uma rede de prostituição que recrutava adolescentes pelo Instagram na região da Grande Paris. Doze homens, com idades entre 17 e 30 anos, estão envolvidos nos crimes, e são interrogados no Tribunal Correcional de Paris.

Adolescentes recrutadas em redes sociais, atraídas pelo dinheiro e depois escravizadas por uma rede dirigida por homens na faixa dos vinte anos.
Adolescentes recrutadas em redes sociais, atraídas pelo dinheiro e depois escravizadas por uma rede dirigida por homens na faixa dos vinte anos. Pixabay
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Acusados de proxenetismo - delito que consiste em obter benefícios econômicos advindos da prostituição de outra pessoa -, os acusados se encontram em prisão preventiva. Segundo Edwige, a mãe da jovem de 15 anos que decidiu quebrar o silêncio à France Info, “as meninas eram seduzidas pelos presentes e a facilidade de ganhar dinheiro rapidamente”.

Segundo a rádio francesa, no entanto, trata-se de um fenômeno que se desenvolve em várias “cités” da região de Île-de-France, no entorno da capital. O termo designa áreas pouco desenvolvidas, ocupadas por pessoas de baixa renda, que habitam as chamadas “moradias sociais” do país, complexos habitacionais subvencionados pelo Estado para populações pobres. “Ela não dorme em casa um dia, depois um fim de semana, enfim, uma semana inteira, e depois abandona de vez a nossa casa”, conta a mãe da adolescente, identificada pelo nome fictício de Hawa na reportagem.

Vendidas em sites de prostituição

Após tê-la “testado”, segundo expressão utilizada pelos próprios criminosos, os acusados compraram maquiagem, roupas de marca e sapatos caros. Além disso, fotografaram a garota produzida, colocando anúncios em sites como Vivastreet, Wannonce ou EscortSexe, dedicados à prostituição na França. Ameaçadas de violência física pelos homens, as garotas eram obrigadas a trabalhar sem pausa durante os sete dias da semana, mas recebiam cada vez menos dinheiro.

“Eles escolhiam suas ‘esposas’ e depois as jogavam como pasto aos clientes. Na maior parte do tempo eram orgias. Havia velhos, gente muito rica envolvida”, conta a mãe de Hawa. Para manter as meninas isoladas em apartamentos miseráveis, relata France Info, os cafetões faziam com que elas consumissem cocaína. Dependente, Hawa contraiu infecções sexualmente transmissíveis e abortou várias vezes. Ela tentou cometer suicídio e, certa noite, fugiu com outra jovem prostituta, decisão que lhe custou caro. Os criminosos acabam por ameaçá-la em sua própria casa: “Sabemos onde você mora, onde estão seus pais, vamos contar tudo na internet”, provocaram.

O pesadelo durou dez meses, antes que a polícia, alertada por pais em perigo como Edwige, desse início à investigação, que durou longas semanas. Um sistema de escuta telefônica e de vigilância foram implementados, segundo France Info, capturando os criminosos. Os dois principais organizadores da rede ainda se encontram sob custódia policial, assim como outros 20 envolvidos, mas isso não foi suficiente para tranquilizar Hawa e sua mãe, que preferem continuar sob disfarce de novas identidades na cidade para onde se mudaram, após o episódio, em 2015. Hawa recebe ajuda psiquiátrica: “Estou perdida, mamãe, eu não valho mais nada”, diz, escondida em seu quarto, bem longe da cidade onde nasceu e cresceu. 

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