Governo francês oferece € 3 mil para atrair professores em escolas da periferia
Durante sua campanha presidencial, Emmanuel Macron prometeu um bônus para os professores mais experientes que aceitassem trabalhar em escolas pertencentes à REP, Réseaux d’Éducation Prioritaire (em português, Rede de Educação Prioritária), que ficam em bairros mais pobres. O projeto que será colocado em prática pelo ministério da Educação Nacional prevê o pagamento de € 3 mil anuais.
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O orçamento previsto para que a promessa seja cumprida é de € 180 milhões (R$ 790 milhões). O objetivo é elevar o resultado dos alunos dos bairros mais desfavorecidos onde há muita desigualdade e poucos professores experientes.
O ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, anunciou que quer iniciar, ainda neste mês, reuniões de trabalho com os sindicatos do setor para planejar como o pagamento desse bônus será feito. Para os sindicalistas não há o que conversar. A porta-voz do Sindicato Nacional do Ensino de Segundo Grau (SNES), Frédérique Rolet, não entende qual a dificuldade que pode existir para esse pagamento. “É como se para eles não parecesse óbvio que todos os professores têm direito a esse acréscimo”, afirmou Rolet.
Bônus de € 2 mil por ano não deu resultado
Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os professores recém-diplomados são obrigados a trabalhar em escolas que enfrentam muitos problemas disciplinares. No entanto, eles já recebem um bônus de € 2 mil por ano, o que não foi o suficiente para atrair profissionais mais qualificados. Macron acredita que adicionando outros € 3 mil a esse valor irá fazer com que mais professores experientes se interessem.
“Uma experiência similar aconteceu na Carolina do Norte nos EUA, onde U$ 1800 foram oferecidos aos professores que trabalhavam em estabelecimentos menos favorecidos”, explicou Noémie Le Donné, analista da OCDE. “Esse bônus atraiu professores qualificados e agora é preciso ver como a medida funcionará no contexto francês".
Segundo os autores do estudo, as condições de trabalho na periferia melhoraram. Principalmente após abrir novas salas, diminuindo assim o número de alunos por aula. No entanto, a OCDE adverte que é preciso estabilidade nas equipes educacionais. Não seria interessante ver professores experientes aceitando a vaga atraídos pelo bônus e deixando a escola 1 ou 2 anos depois.
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