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Europa tem aumento na produção e no consumo de drogas, aponta relatório

As drogas estão cada vez mais presentes e disponíveis na Europa: mais de 92 milhões de europeus que têm entre 15 e 64 anos já experimentaram algum tipo de substância química na vida. O alto consumo gerou uma intensificação da produção dos produtos no continente, de acordo com o Observatório Europeu das Drogas e dos Toxicomaníacos (OEDT), que já deu o sinal de alerta.  

Casos de intoxicação por cocaína aumentaram na França
Casos de intoxicação por cocaína aumentaram na França Getty images/Jose Azel
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O OEDT publicou nesta quinta-feira (7) seu relatório anual, onde aponta, num tom preocupado, “o aumento da produção de drogas que acontece atualmente na Europa”. “A disponibilidade da droga continua forte e a produção na Europa está em alta”, afirma Dimitris Avramopoulos, comissário europeu das Relações Interiores. “As substâncias detectadas são cada vez mais poderosas, portanto mais perigosas.”

O fenômeno pode ser explicado, segundo o estudo, pela diminuição da vigilância nas fronteiras, pela maior disponibilidade e por um menor custo dos produtos químicos necessários para a produção.

Os traficantes europeus não cessam de inovar em seus métodos de produção, com a multiplicação de laboratórios de transformação da cocaína, de produção da MDMA (princípio ativo do ecstasy), de metanfetamina e da heroína.

Maconha é líder, mas cocaína ganha força

A maconha continua sendo a droga mais consumida na Europa, com mais de 17 milhões de consumidores com idade de 15 a 34 anos, de acordo com o relatório do OEDT. Já a cocaína é preferida por 2,3 milhões de europeus – a substância foi usada cerca de 100.000 vezes em 2016 dentro do bloco europeu, um aumento de 10% em relação ao ano anterior.

A Bélgica tem se tornando a porta de entrada da cocaína, substituindo a Espanha, antigo porto da droga na Europa. Num total de 70 toneladas, 30 foram encontradas no país sede da União Europeia.

Apesar do aumento no consumo, o preço da cocaína permanece estável, entre 60 e 70 euros por grama, mas a pureza do produto se intensificou, chegando a 60% em média – índice que afeta diretamente a saúde dos consumidores europeus. Mais de 30.000 pessoas deram entrada em hospitais pela primeira vez em 2016.

Para o diretor da OEDT, “essas evoluções mostram que é extremamente importante uma intervenção eficaz no plano da prevenção, do tratamento e da redução dos riscos sanitários para os consumidores de cocaína”.

França começou a consumir mais tarde que Espanha e Reino Unido

Michel Gandilhon, pesquisador do Observatório Francês das Drogas e dos Toxicomaníacos (OFDT), afirma que “os últimos estudos mostram que em oito grandes cidades francesas urbanas, com foco em perfis marginalizados ou em espaços festivos, a cocaína é onipresente. Temos um consumo que quadruplicou em 20 anos”.

A situação na Europa é recheada de contrastes, de acordo com Gandilhon. Países como o Reino Unido ou a Espanha, que começaram a consumir a cocaína mais cedo que a França, alcançaram um pico e conhecem hoje uma diminuição no consumo. Enquanto isso, a França tem uma demanda gradativa, mas constante.

“Em 2007, houve uma queda no consumo da cocaína nos Estados Unidos. Para compensar, os traficantes miraram na Europa – houve então um pico de consumo no continente, mas a situação tem tendência a se estagnar. Existem novos mercados a nível mundial que estão surgindo, como o latino-americano, a África e a Ásia”, afirma.

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