França: enfermeiros fazem greve de fome por melhores condições de trabalho
Estendido em uma maca, o enfermeiro Manos Kappatos, deixa a porta do hospital psiquiátrico de Rouvray, no nordeste da França, sob aplausos. Ele é o terceiro funcionário do estabelecimento a ser internado em situação crٌítica, por participar de uma greve de fome que já dura quinze dias.
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A reportagem sobre essa greve, inédita no país, foi publicada nesta quarta-feira (6) pelo jornal Le Monde. Uma das principais reivindicações dos enfermeiros é a criação de 52 novas vagas para enfrentar uma taxa de ocupação de 115%.
Muitos dos pacientes, na falta de um lugar adequado, são instalados em escritórios esvaziados de última hora, lamentam os profissionais. Uma situação caótica que levou um grupo de enfermeiros a instalar uma cabana na porta do hospital e iniciar a greve de fome. A decisão, dizem, foi tomada na falta de um diálogo com a direção do estabelecimento. O movimento tem o apoio de doentes e dos sindicatos da categoria.
Doze quilos a menos
Debaixo de chuva ou de sol, o protesto levou o enfermeiro Thomas Petit, a perder 12 quilos. “É paradoxal ter que colocar nossa saúde em risco para sermos ouvidos", declarou ao jornal “Le Monde”. O caráter excepcional dessa mobilização levou a ministra da Saúde, Agnès Buzyn, a anunciar nesta terça-feira (5), na Assembleia Nacional francesa, o envio de três emissários para uma auditoria urgente no local. “Vocês têm razão em criticar a situação crítica da psiquiatria francesa”, declarou a ministra ao deputado comunista Hubert Wulfranc.
Diversos sindicalistas alertaram para o fato de muitos enfermeiros estarem usando antidepressivos para suportar o ritmo acelerado no hospital. Consultada, a direção preferiu não se pronunciar, e a agência regional de saúde afirma que, em caso de criação de novas vagas, elas não serão apenas reservadas ao setor de psiquiatria.
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