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Um pulo em Paris

Conheça a origem da palavra “greve”, nascida em Paris

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Tanto Brasil quando França enfrentam atualmente um amplo movimento de greves. Do lado brasileiro, os caminhoneiros paralisam o país, enquanto os franceses fazem malabarismo com a mobilização do setor ferroviário há quase dois meses, confirmando a fama de grevista na nação europeia. Mas o que muita gente não sabe é que mesmo se esse tipo de paralisação trabalhista não é algo unicamente francês, a palavra “greve” nasceu às margens do rio Sena.  

O movimento de greve dos funcionários do serviço ferroviário francês já dura dois meses.
O movimento de greve dos funcionários do serviço ferroviário francês já dura dois meses. BERTRAND LANGLOIS / AFP
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A França tem a reputação de ser um país de grevistas. As fotos das manifestações gigantescas tomando as ruas das cidades contribuíram para essa fama, a tal ponto que há quem diga que a greve foi “inventada” pelos franceses.

No entanto, registros históricos confirmam que no Egito, cerca de 2500 anos antes de Cristo, os trabalhadores que construíam a pirâmide de Khéops já se revoltavam e paravam de trabalhar quando não estavam contentes. Na época, os operários cruzaram os braços por várias razões, não necessariamente salariais. Certa vez, a paralisação foi provocada porque os patrões diminuíram – e depois suprimiram totalmente – o alho que era colocado no almoço das equipes.

Isso mostra que a greve não foi inventada pelos franceses. Mesmo assim, a expressão “fazer greve” nasceu em Paris. O termo vem do nome de uma praça, (place de la Grève), nas margens do rio Sena. O local foi batizado assim por causa de um tipo de areia grossa, chamada “grava”, presente na região.

No século 17, era nessa praça que os homens desempregados se reuniam em busca de trabalho e “fazer greve” significava procurar emprego. Mas no século 19, essa mesma praça começou também a atrair pessoas que protestavam contra as más condições de trabalho e se tornou, de uma certa forma, símbolo das reinvindicações trabalhistas.

França já teve quase 20% de sua população em greve

 

A tradição de mobilizações se perpetuou, mesmo se os franceses tiveram que esperar para que a prática fosse realmente autorizada. Os sindicatos só foram legalizados em 1884 e a greve, considerada um crime até 1864, só se tornou um direito inscrito na Constituição em 1946.

Desde então, o país conheceu paralizações gigantescas, que entraram para sua história. Uma delas, que completa 50 anos este mês, foi a manifestação que reuniu operários e estudantes durante o movimento de contestação de Maio de 1968. Naquele mês, a França enfrentou, durante duas semanas, uma greve que mobilizou entre 7 e 10 milhões de pessoas, o equivalente a quase 20% da população do país na época.

Nem todo mundo pode fazer greve

Porém, alguns setores da França apresentam restrições quando o assunto é parar de trabalhar para fazer reivindicações, principalmente em serviços públicos ligados à segurança. Policiais, soldados, agentes penitenciários ou ainda juízes e magistrados não podem fazer greve no país.

Já no caso das escolas maternais e elementares – antes do ensino fundamental – os professores até podem ser grevistas. No entanto, o estabelecimento é obrigado a prever uma solução para acolher as crianças, caso os pais queiram deixá-las na sala de aula.

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