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Cannes inicia competição com melodrama iraniano à espanhola

A noite no Palais des Festivals, templo do Festival de Cinema de Cannes, prometia. A chegada das estrelas do filme foi suntuosa. Penélope Cruz lindíssima, de negro, ao lado de um Javier Bardem esbanjando charme. Fechando o trio, o multipremiado diretor iraniano Asghar Farhadi.

Da esquerda para a direita: Ricardo Darin, Penélope Cruz, Asghar Farhadi e Javier Bardem.
Da esquerda para a direita: Ricardo Darin, Penélope Cruz, Asghar Farhadi e Javier Bardem. REUTERS/Eric Gaillard
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Enviada especial a Cannes

Subida triunfal das famosas escadas vermelhas do Palais des Festivals. Abertura sóbria de praxe, sem os exageros de um Oscar, mas com um certo ar antiquado, com o mestre de cerimônias Edouard Baer, fazendo salamaleques para atores e outras personalidades locais e internacionais. E foi dada a largada para a Palma de Ouro.

Envolto em muita publicidade e expectativa, principalmente por causa das novas regras do festival estipulando o fim das avant-premières para os jornalistas, o filmeTodos lo Sabenpegou a grande maioria de surpresa. Mais um filme extraordinário de Farhadi, depois de êxitos como à Procura de Elly, Uma Separação e O Passado? Talvez nem tanto.

Suspense até o final

Pouco foi divulgado de antemão à imprensa sobre o filme. Um thriller. Uma espanhola radicada na Argentina volta para uma celebração em seu povoado natal e um grande acontecimento muda radicalmente a vida de toda uma família e os próximos.

O que vemos é Laura (Penélope Cruz) que vai a Espanha para o casamento da irmã. Ela leva os dois filhos, um menino e uma adolescente. O marido Alejandro (Ricardo Darín) ficou na Argentina por causa do trabalho. Durante a festa, Irene, a adolescente, passa mal e a mãe a leva para cama. A festa continua e Irene some. Quem se envolve de alma e coração na busca da menina é Paco (Javier Bardem), ex-namorado de juventude de Laura.

Mas Todos lo Saben é um estranho melodrama, com superestrelas – Cruz, Bardem e o argentino Ricardo Darín – no elenco, num vilarejo pitoresco, vinícola, perdido na Espanha profunda, corroída pelo desemprego, pelo racismo contra estrangeiros. Ingredientes – ou clichês – perfeitos para uma telenovela, que conta ainda com as rixas familiares, o patriarca decadente desbocado, o ex-namorado trabalhador e honesto que se vê numa encruzilhada emocional. Um policial aposentado lembra um detetive sabichão saído de um livro de Agatha Christie, como Hercule Poirot, tirando conclusões de detalhes que ninguém percebera. As reviravoltas dramáticas arrancaram risos e troca de olhares de estranhamento entre os espectadores.

Menos sutileza

Farhadi conta que a ideia veio de uma viagem à Espanha, há 13 anos, quando viu cartazes sobre uma menina desaparecida. O estilo do iraniano está presente nas omissões, nos arroubos, nas desconfianças e nos ciúmes doentis. Talvez de maneira menos sutil, mais novelesca, mais emocional.

Palmas minguadas dos jornalistas ao final. O festival de Cannes está apenas começando.

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