Jovem mestiça vive Joana d’Arc em Orléans e diz ignorar comentários racistas
A cidade de Orléans recebeu o Primeiro-ministro Edouard Philippe para comemorar nesta terça-feira (8) a vitória de Joana d’Arc contra os Ingleses que invadiam a cidade em abril de 1429. Mas a escolha de uma jovem de origens estrangeiras para representar a pequena combatente não agradou aos grupos da extrema-direita.
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A estrela da festa de Joana d’Arc na cidade de Orléans se chama Mathilde Edey Gamassou. De origem africana e polonesa, coube a ela a responsabilidade de encarnar a francesa que venceu os inimigos que tentavam tomar suas terras.
Escolhida entre 250 candidatas, a designação de Mathilde Edey Gamassou gerou críticas por parte de grupos da extrema-direita. Interrogada pela RFI, a jovem de 17 anos disse que já nem se lembra mais dos ataques racistas que recebeu.
“Joana d’Arc, em sua época, foi muito insultada. Ela foi tratada de estrangeira, de bruxa, era vista com desconfiança. Eu disse para mim mesma que estava revivendo o que ela viveu, de uma certa forma”, disse.
A secretária de Estado encarregada pela igualdade de gênero, Marlène Schiapa, ofereceu “todo seu apoio” à estudante. “O ódio racista não tem espaço na República francesa”, afirmou em referência aos comentários de grupos da extrema-direita nas redes sociais.
Grande heroína da França
A presidente do comité Joana d’Arc, Bénédicte Baranger, lamentou a polêmica e se declarou triste ao constatar que a escolha pudesse suscitar esse tipo de interesse. “A jovem foi escolhida por quem ela é, uma pessoa interessante e com uma mente bem desenvolvida. Ela responde aos quatro critérios impostos: morar em Orléans por dez anos, ter estudado numa escola da cidade, ser católica e prestar serviços voluntários”.
Mathilde Edey Gamassou é religiosa e escoteira e diz sempre ter se interessado pela figura de Joana d’Arc. “Sem ela, a França não seria a França. É nossa heroína nacional, é indispensável que ela seja conhecida por todos os franceses. Para mim, ela representa valores que ainda são atuais e universais como a piedade, a humildade, a coragem, a lealdade, a audácia, o engajamento e a perseverança”, afirma.
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