Sindicalismo enfraquecido prejudica reivindicações do 1° de maio na França
As grandes confederações sindicais francesas celebram o Dia Internacional dos Trabalhadores cada uma no seu canto, resume bem o jornal Le Monde em sua edição de 1° de maio. O primeiro momento tenso da era Macron, com greves de ferroviários, funcionários públicos, estudantes universitários, aposentados, assalariados da Air France e de estabelecimentos públicos para idosos não é suficiente para estabelecer uma pauta de reivindicações unificada, constata o jornal.
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Em alguns setores, como é o caso da mobilização na companhia aérea Air France e parcialmente no movimento contra a reforma da companhia estatal ferroviária SNCF, alguns sindicatos lutam associados, sem conseguir, no entanto, produzir a união de todos os trabalhadores.
Em Paris, apenas duas entidades, CGT e Solidários, farão juntas uma passeata entre a praça da Bastilha e a praça da Itália para protestar contra as conquistas sociais ameaçadas pelas reformas do presidente Emmanuel Macron e o sistema seletivo de ingresso nas universidades.
O jornal Le Parisien destaca que as autoridades de segurança da capital temem distúrbios violentos nas ruas. Outras organizações, incluindo o movimento de lutas independente Mili, um grupo antifascista e anticapitalista, próximo da extrema-esquerda, convocaram protestos pelas redes sociais com a intenção de fazer deste 1° de maio "um dia infernal para o presidente Emmanuel Macron e seu mundo". Esses grupos querem aproveitar a comemoração dos 50 anos da revolução de Maio de 68 para aumentar sua visibilidade. Macron está fora de Paris. Ele chegou hoje à Austrália e garante não ter evitado as manifestações.
O Mili já causou confusão no protesto dos trabalhadores no ano passado. Uma fonte sindical afirma ao Le Parisien que esse grupo reúne estudantes e militantes de vários horizontes que depredam agências bancárias e mobiliário urbano.
Franceses votam cada vez menos nas eleições sindicais
O jornal de esquerda Libération afirma que as centrais sindicais francesas se mostram "impotentes diante das reformas em cascata do governo Macron". Enquanto a CGT e o Solidários vão às ruas, os sindicatos reformistas CFDT, CFTC e Unsa propõem um 1° de maio "cultural e reivindicativo", com a projeção de um filme "sobre a importância do diálogo social e da negociação coletiva".
Já a Força Operária, outra grande confederação francesa, marcará o dia com uma entrevista coletiva de seu novo secretário-geral, Pascal Pavageau, que parece mais combativo que seu antecessor.
A divisão sindical não é novidade na França, escreve Libération, lamentando o contexto particular: "raramente o movimento sindical foi tratado com tamanha indiferença e desprezo pelas autoridades no poder", destaca o jornal.
O sindicalismo francês está enfraquecido e sofre de uma imagem negativa perante a população. A participação dos trabalhadores nas eleições sindicais está em queda. Mas esse desamor não é bom por privar os trabalhadores de uma relação de forças minimamente resistente, necessária às conquistas sociais.
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