Brasileiros pró-Lula participam do 1° de maio em Paris
O tradicional ato do 1° de maio em Paris, que neste ano preferiu celebrar “a solidariedade internacional dos trabalhadores” ao invés do “Dia do Trabalho”, reuniu milhares de pessoas. Entre a multidão, um grupo de brasileiros, empunhando bandeiras verde-amarelas e cartazes com a foto de Lula, denunciava a situação no Brasil e pedia a libertação do ex-presidente.
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Apesar de incidentes provocados por centenas de Black blocs encapuzados, que frearam o avanço do cortejo da Praça da Bastilha até a Praça da Itália, o ambiente era festivo. A participação brasileira no desfile parisiense do 1° de maio foi organizada, entre outros, pelo Comitê de Solidariedade a Lula e à democracia no Brasil, pelo Núcleo do PT em Paris, pelo coletivo Alerta França-Brasil e pelo Comitê Internacional pela Anulação do Impeachment. A iniciativa também contou com o apoio de coletivos latino-americanos e partidos de esquerda franceses, como a França Insubmissa e o PCF.
Segundo os organizadores, cerca de 50 brasileiros integravam o grupo, formado por uma centena de pessoas. Eles afirmam que Lula é “um prisioneiro político” e denunciam sua condenação por corrupção como uma “aberração jurídica”, que visa impedir o petista de “participar das eleições presidenciais.” O atual governo Temer também foi alvo de críticas.
A historiadora Carla Sanfelice, do Núcleo do PT de Paris, lembra que há convergência de luta com os trabalhadores da França: “como os franceses lutamos contra as leis neoliberais que estão modificando toda a legislação trabalhista e que estão destruindo a democracia. A prova maior é o caso da prisão de Lula, sem provas e em condição de isolamento”.
Franceses preocupados com a situação no Brasil
O bloco “Lula livre” chamou a atenção dos outros manifestantes que paravam para tirar fotos. A argentina Melisa Chali, que mora em Paris há 20 anos e participava do desfile com a filha e o marido, disse à RFI que “está preocupada com a situação do Brasil e com a prisão de Lula”. O francês Laurent Benichu considera “inaceitável a prisão de uma pessoa como Lula”. Ele acredita que o fato “integra uma revolução neoliberal violenta” e compara a atual situação brasileira “ao golpe no Chile”, em 1973.
Esse é o segundo ano que os brasileiros de Paris participam do desfile do 1° de maio, denunciando o retrocesso da democracia no Brasil. A produtora cultural Rebeca Lang, do Comitê Internacional pela Anulação do Impeachment-Paris, ressalta que ”a situação brasileira se agrava cada vez mais (…) O golpe de Estado começou a ser instalado com a destituição da presidente eleita Dilma Rousseff (…) A intenção era evitar que o povo reelegesse mais uma vez o Partido dos Trabalhadores, que é o partido que polarizou todos os sonhos da esquerda brasileira de inclusão social.”
As organizadoras salientam que a mobilização internacional é importante para romper a “censura mediática no Brasil que é muito grande.” E a mobilização vai continuar o tempo que for necessário, garantem. Outras manifestações já estão previstas em Paris nos dias 3, 12 e 19 de maio.
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