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Cinema

Filme “maldito” provoca tensão entre Festival de Cannes e produtor português

O Festival de Cannes criticou nesta segunda-feira (30) o produtor português Paulo Branco, que pediu à justiça a proibição do filme "O Homem que Matou Dom Quixote", do cineasta Terry Gilliam, que faz parte da programação do evento. Marcado por uma série de acidentes, o projeto começou a ser rodado há 18 anos e até hoje não pôde ser projetado.

O diretor Terry Gilliam tenta estrear seu filme há anos.
O diretor Terry Gilliam tenta estrear seu filme há anos. REUTERS/Neil Hall
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A pouco mais de uma semana da abertura da 71ª edição do Festival de Cannes, os organizadores do evento são confrontados a uma saia justa: a projeção do filme que conta a história de Dom Quixote, e que deveria ser apresentado no encerramento da programação, pode ser anulada.  A trama está no centro de uma queda de braço jurídica entre o diretor Terry Gilliam e o produtor Paulo Branco, que comprou os direitos da obra por meio de sua empresa Alfama Films, baseada na França.

Ao adquirir os direitos, o português havia se comprometido, entre outras coisas, a manter as datas de filmagem e respeitar as decisões artísticas do diretor. No entanto, uma série de desentendimentos entre as duas partes levaram o produtor a suspender o projeto.

Diante do impasse, Gilliam se associou à produtora espanhola Tornasol, com quem concluiu o projeto. Em seguida, o diretor entrou com um processo na Justiça francesa para anular o contrato de cessão de seus direitos. Desde então, Paulo Branco tenta vetar a projeção do filme.

Os organizadores do festival francês explicaram nesta segunda-feira que conheciam o processo em andamento, mas que, em momento algum, a projeção do filme em Cannes havia sido contestada. Segundo eles, o advogado de Branco estaria “procedendo a intimidações e afirmações risíveis e grotescas”.

A Justiça deve se pronunciar no dia 7 de maio, véspera da abertura do Festival. “Nós vamos respeitar a decisão” caso a projeção seja proibida, declarou a direção do evento. Porém, os organizadores deixaram claro que “continuam do lado dos cineastas”. “Os artistas precisam de nosso apoio e não de ataques”, completaram, lembrando que o filme, “já enfrentou muitos obstáculos”.

Ator principal morreu antes da estreia

Este episódio judicial prolonga um pouco mais a "maldição" que atinge há quase duas décadas "O homem que matou Dom Quixote". Em 2000, o diretor teve que interromper a filmagem de sua adaptação livre da célebre obra de Miguel de Cervantes, interpretada por Jean Rochefort, Johnny Depp e Vanessa Paradis. Entre os contratempos, a equipe enfrentou inundações no set de gravação e até uma hérnia de disco sofrida pelo já falecido ator francês, que fazia o papel principal. As peripécias do diretor para tentar terminar as filmagens viraram até um outro filme, documentário, intitulado “Lost in La Mancha”, lançado em 2002.

Gilliam tentou ressuscitar o projeto em várias ocasiões, deparando-se com a falta de financiamento, até conseguir filmar o longa no ano passado. "O homem que matou Dom Quixote" também tem estreia prevista os cinemas no dia 19 de maio, dia do encerramento do Festival de Cannes.

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