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França/escravidão

Macron promete Fundação pela Memória da Escravidão, 170 anos após abolição

O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou nesta sexta-feira (27), a criação ainda este ano da Fundação pela Memória da Escravidão. A declaração de Macron foi feita no Panteão, em Paris, durante cerimônia dos 170 anos da abolição da escravatura nas colônias francesas.

França lembra 170 anos do fim da escravidão.
França lembra 170 anos do fim da escravidão. www.unesco.org
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O projeto foi anunciado em 10 de maio de 2016, pelo então presidente François Hollande, durante a jornada comemorativa do fim da escravatura. Na mesma data, quinze anos antes, a França reconhecia a escravidão e o tráfico humano como crime contra a humanidade. 

A fundação, que vai ser presidida pelo ex-primeiro-ministro socialista Jean-Marc Ayrault, vai ter sede no Hôtel de la Marine, onde foi decretado o fim da escravidão nas colônias francesas, no dia 27 de abril de 1848, 40 anos antes do Brasil.

A maioria das nações europeias participou do tráfico negreiro, iniciado pelos portugueses em 1441. A França aderiu à prática em 1594, com sua primeira expedição negreira. Estima-se que 11 milhões de africanos foram capturados e embarcados à força em direção às plantações e minas do Novo Mundo. Cerca de 1,4 milhão morreram na desumana travessia.

Durante quatro séculos, cerca de quatro milhões de escravos passaram pelas colônias francesas. A abolição libertou cerca de 250 mil negros. O francês Victor Schoelcher (1804-1893), nascido em uma família católica burguesa de Paris, foi um ferrenho abolicionista e contribuiu para o fim da escravidão pela França.

Passado colonial

Segundo Emmanuel Macron, “a fundação será dotada de meios humanos, financeiros e científicos para projetos de educação, cultura, apoio à pesquisa e missões locais”.

Outro objetivo, acrescentou, será dar destaque apropriado à escravidão ao longo da história da França, desde o império. “É impossível falar da França hoje sem tratar de seu passado colonial, sem mencionar a relação singular que ela tem com o continente africano, uma relação complexa e profunda que se tornou parte inalienável de nossas respectivas identidades”, disse Macron.

Compromisso com a liberdade

“A Fundação terá como bandeira o compromisso da França com a liberdade, pois a escravidão ainda não desapareceu e ainda há abolições a serem concretizadas”, acrescentou.

“Quero que a República se lembre dos escravos, esses homens mulheres e crianças que barcos roubaram do outro lado do oceano, que foram jogados nas praias, atirados nos degraus escorregadios dos cais, depois deixados sob o sol escaldante e sob a dor das chibatas, segundo as palavras poderosas de Jean-Marie Le Clézio”, afirmou Macron, citando o escritor francês ganhador do Nobel de Literatura.

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