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Planeta Verde

Passeio de balão em Paris alia turismo e consciência sobre a poluição

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O último andar da Torre Eiffel ou o alto da basílica de Sacré-Coeur costumam ser as escolhas dos turistas que querem admirar Paris das alturas. Uma opção menos conhecida, o Balão Generali de Paris, oferece não só um passeio inusitado, como a possibilidade de aprender mais sobre o problema da poluição urbana nas grandes cidades.

Balão sobe a 150 metros, com até 30 passageiros a bordo.
Balão sobe a 150 metros, com até 30 passageiros a bordo. Lúcia Müzell/ RFI
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O balão é a principal atração do parque André Citroën, colado na margem oeste do rio Sena, no 15º distrito da capital francesa. Nos dias de clima favorável, cinco voos por hora sobem a 150 metros de altura. A bordo, até 30 passageiros contemplam a paisagem, ao mesmo tempo em que se movem aos caprichos do vento, em um voo de cerca de 10 minutos. 

“O balão sobe devagar e quando percebemos, já estamos lá em cima, admirando a vista da cidade toda, a 360°. Dá uma sensação de planar no ar, que é muito agradável", conta a enfermeira aposentada Lucie, ao descer do passeio.

Passeio de balão oferece vista panorâmica de Paris.
Passeio de balão oferece vista panorâmica de Paris. Lúcia Müzell/ RFI

"Achei legal porque nos dá uma opção de vista diferente de Paris, com a Torre Eiffel aqui pertinho. E não senti medo algum - só ao olhar para baixo é que dá um pouco de vertigem", comenta a turista colombiana Paula Castillo, que gostou de apreciar a arquitetura parisiense do alto do balão.  

Além da experiência de voo, a atração tem um papel a desempenhar no monitoramento da qualidade do ar em Paris, em colaboração com cientistas do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS). Para este fim, ele pode subir até 300 metros e coleta permanentemente dados sobre os ventos e a poluição, em especial a contagem e identificação das partículas finas concentradas no ar. As menores, inferiores a 10 micrômetros, são as mais danosas à saúde, pela maior capacidade de ingestão no interior dos pulmões.

Modernização: captação do ozônio

Neste ano, o balão foi modernizado e agora também capta informações sobre a presença de ozônio, que pode ocorrer nos dias quentes, com pouca circulação do ar e poluição elevada. As informações são analisadas em tempo real e, na parte externa, painéis luminosos indicam como está a qualidade atmosférica a cada momento do dia – o espectro vai do verde escuro, “muito boa”, até o vermelho, que indica “muito ruim”.

“Respiramos 10 mil vezes por dia, em média, e a cada vez, inspiramos meio litro de ar. Neste momento, por exemplo, estamos respirando 525 partículas finas a cada litro de ar inspirado. Para se ter uma ideia melhor, num dia que consideramos sem partículas finas, esse número é de 50”, lembra Nicolas Roulier, um dos pilotos do balão de hélio. “Mas ainda assim, estamos longe do recorde de 6.000, registrado em um grande pico de poluição, de dezembro de 2013. Isso é o equivalente a um não fumante ficar fechado numa sala com 12 pessoas fumando.”

Poluição: uma questão política

O balão Generali promove voos turísticos em cidades de mais de 30 países do mundo – do Iraque aos Estados Unidos, passando pela Tailândia. No entanto, é apenas em Paris que o veículo realiza medições atmosféricas, em parceria com o organismo oficial de monitoramento da prefeitura, Airparif. A cooperação se iniciou em 2008.

“Essa é uma característica bem parisiense, mas está aberta a todas as cidades que estejam interessadas. É um assunto que, no fundo, é politicamente delicado, ao exibir o problema da poluição”, afirma Nicolas Roulier. “Mas Paris assume muito bem as deficiências ambientais e tenta agir para lutar contra a poluição.”

Em dias de tempo favorável, Balão de Paris faz até cinco voos por hora.
Em dias de tempo favorável, Balão de Paris faz até cinco voos por hora. Lúcia Müzell/ RFI

O funcionamento diário da atração depende das boas condições meteorológicas: sem chuva e com ventos de no máximo 35 km/h. Nos quase 20 anos de atuação na capital francesa, Roulier pôde constatar as mudanças do clima neste período, com maior ocorrência de fenômenos atípicos em Paris.  

“Temos chuvas fortes e tempestades com mais frequência, períodos de mau tempo prolongados e, principalmente, podemos avaliar a evolução do vento. Constatamos que a velocidade dos ventos no solo aumentou”, indica.

O balão de Paris leva 60 mil passageiros por ano para um passeio nas alturas na capital francesa: ele é o terceiro ponto mais alto da cidade. A Generali tenta há anos se instalar no Rio de Janeiro, mas o projeto não avançou por divergências com a prefeitura, alega a empresa.

 

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