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Imprensa

Projeto de lei sobre imigração causa desordem na Assembleia francesa

A imprensa francesa desta segunda-feira (23) se concentra no projeto de lei asilo e imigração, aprovado ontem pela Assembleia Nacional, por 228 votos a favor, 139 contra e 24 abstenções, após uma semana de intensos debates sobre o polêmico texto. A sessão, que terminou às 23h de domingo (22), foi marcada pela oposição dos deputados de direita e esquerda e pela obrigação do voto a favor dos membros do partido governista A República em Marcha.

"A Assembleia Nacional adota o texto asilo e imigração em primeira leitura" é a manchete do site do jornal Le Monde desta segunda-feira (23).
"A Assembleia Nacional adota o texto asilo e imigração em primeira leitura" é a manchete do site do jornal Le Monde desta segunda-feira (23). Reprodução/Le Monde
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"A Assembleia Nacional adota o texto asilo e imigração em primeira leitura" é a manchete do site do jornal Le Monde. O diário explica que o projeto liderado pelo ministro do Interior, Gerard Collomb, prevê reduzir o período para os migrantes pedirem asilo de 120 a 90 dias, além de aumentar as expulsões.

Segundo Le Monde, desde a aprovação da lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo, há cinco anos, um debate tão acalorado não acontecida na Assembleia. As discussões se concentraram sobretudo entre duas visões opostas sobre a imigração na França, "em um clima tenso e polêmico", descreve o jornal.

Desordem na Assembleia

"A lei asilo e imigração cria desordem na Assembleia" é a manchete do jornal Les Echos na manhã desta segunda-feira. O diário explica que os sete dias de intensos debates aconteceram porque os deputados de direita e extrema-direita denunciavam a tolerância do texto, enquanto os deputados de esquerda e extrema-esquerda reclamavam de seu caráter excessivo.

Além da diminuição do tempo para o pedido de asilo e o aumento da quantidade de expulsões do território francês, os progressistas também protestaram contra o delito de solidariedade, que prevê punir os franceses que ajudarem os migrantes.

Imposição de voto a favor

A votação também ficou marcada pela imposição do governo aos deputados do A República em Marcha de votarem a favor, sob risco de serem expulsos do partido se não obedecessem à ordem. É o caso de Jean-Michel Clément, único deputado da legenda governista a se opor ao projeto de lei, que logo depois do voto contra anunciou sua saída do grupo, "consciente de ter violado as regras".

O jornal Le Figaro entrevistou Clément, "o primeiro dos opositores" e o primeiro deputado do República em Marcha a deixar o partido desde o início do governo Macron, há um ano. O ex-advogado de 63 anos denuncia o que considera as várias injustiças do projeto de lei, como a retenção de menores e a possibilidade de julgar os migrantes à distância, por vídeo.

O ex-socialista critica há meses o texto que considera "hipócrita" e que, segundo ele, "não resolverá o problema da imigração na França", fragilizando a situação dos requerentes de asilo. "Tenho meus valores e meus princípios", justifica o deputado Jean-Michel Clément em entrevista ao jornal Le Figaro.

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