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França

Macron recebe agricultores indignados com acordo UE-Mercosul

O presidente francês, Emmanuel Macron, recebeu nesta quinta-feira (22) agricultores franceses preocupados com a conclusão de um acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Os produtores rurais temem uma invasão de produtos brasileiros e argentinos, em especial carne.

Emmanuel Macron recebeu agricultores no luxuoso salão de festas do Palácio do Eliseu.
Emmanuel Macron recebeu agricultores no luxuoso salão de festas do Palácio do Eliseu. REUTERS/Etienne Laurent/Pool
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“Vamos importar produtos da América do Sul: do Brasil, da Argentina. Esses produtos não respeitam nada das regras europeias. É uma catástrofe para os nossos agricultores”, declarou Samuel Vandale, secretário-geral do Sindicato dos Jovens Agricultores, em entrevista à rádio Europe 1, nesta manhã. “Estamos falando de qualidade. Não temos as mesmas regras sanitárias e ambientais e de bem estar animal. É também uma discussão sobre o tipo de produção que queremos. Não queremos usinas de carne. Queremos produções familiares”, argumentou o representante da categoria.  

Na reunião-almoço com os agricultores, realizada no luxuoso salão de festas do Palácio do Eliseu, Macron garantiu que “jamais entrará na França carne produzida com hormônios”. “Não haverá nenhuma redução dos nossos padrões de qualidade, sociais, ambientais ou sanitários nessa negociação”, disse o presidente francês.

Ele garantiu que vai batalhar para que a fiscalização das fronteiras seja eficiente quanto à origem dos produtos que chegarão na Europa, caso o acordo seja concluído. Setenta mil toneladas de carne bovina do bloco sul-americano poderiam ingressar na comunidade europeia, sem tarifas alfandegarias.

Retomada de negociações formais

Na quarta-feira, o setor realizou protestos na França contra o avanço das negociações do tratado. No mesmo dia, em Assunção, no Paraguai, o chanceler paraguaio, Eladio Loizaga, representando o Mercosul, e a italiana Sandra Gallina, pela União Europeia, iniciaram formalmente pmercosu para superar desavenças persistentes e alcançar um acordo. Há quase 20 anos, a agricultura é a principal barreira para o tratado.

"Ambas as partes juramos uma espécie de fidelidade e não pensamos em fazer declarações até o fim do processo de negociações, que se estenderá até 2 de março, salvo se houver autorização superior", disse à AFP o porta-voz do Mercosul, Luis Fernando Avalos. Mais de cem técnicos de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai e da UE começaram a deliberar na sede do Comitê Olímpico Paraguaio, nas redondezas do aeroporto internacional de Assunção.

"Queremos o acordo e estamos comprometidos a buscá-lo com a maior seriedade e profissionalismo", afirmou Avalos, que é vice-ministro de Relações Econômicas e Integração do Paraguai. O clima de cooperação para as deliberações em Assunção "é ótimo", disse.

Ele admitiu que ainda há assuntos sensíveis no setor industrial, como a indústria automotiva, que afeta especialmente ao Brasil. "A intenção é avançar e chegar o mais longe possível", resumiu.

O Mercosul atribui o entrave agropecuário, que inclui o etanol, ao protecionismo europeu. Avalos disse que foram feitos avanços neste tema. "Ainda não se alcançou o nível ótimo que se pretende, mas muitos obstáculos foram superados", apontou.

Ele fez elogios às concessões da UE, "como a última a oferta que elevou de 70 mil a 99 mil toneladas a carne bovina importada do Mercosul ao ano e ofereceu outras coisas". Em termos técnicos, ele destacou que cada produto em negociação "tem uma particularidade que precisa de um maior ajuste para que os montantes e as cotas sejam equivalentes às condições de comercialização".

Setor automotivo: ponto delicado para o Brasil

O chanceler reiterou que a abertura do mercado automotivo tem grande importância. "O setor representa um comércio importante em ambos os blocos. Busca-se um ponto de equilíbrio que permita a comercialização em condições vantajosas", afirmou. "A principal preocupação é que uma redução dos impostos sobre a indústria automobilística afete a mão de obra", destacou.

Ao concluir as negociações de 2 de março, o ministro paraguaio de Relações Exteriores será o encarregado de anunciar se houve, ou não, acordo.

Com informações da AFP

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