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Moda/França

Artista ítalo-argentina inspira desfile de alta-costura da Dior

A marca francesa Dior se apresentou nesta segunda-feira (22), no primeiro dia dos desfiles da alta-costura para a temporada primavera-verão 2018, com uma coleção com toques nitidamente surrealistas. A obra da pintora ítalo-argentina Leonor Fini foi um dos motes para a estilista Maria Grazia Chiuri.

Máscaras e frases escritas no corpo das modelos trouxeram a poesia para a passarela da Dior.
Máscaras e frases escritas no corpo das modelos trouxeram a poesia para a passarela da Dior. REUTERS/Charles Platiau
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Quem presenciou o desfile da Dior sentiu a inspiração surrealista antes mesmo da entrada do primeiro look na passarela. O solo em forma de tabuleiro preto e branco e a gaiola que decorava a sala, além das orelhas penduradas, deram o tom de uma apresentação que poderia muito bem remeter a Salvador Dalí.  

Mas Maria Grazia Chiuri, em sua busca de musas femininas e feministas, preferiu uma inspiração menos conhecida do grande público. Depois de Niki de Saint Phalle no desfile anterior, a estilista da maison parisiense escolheu como fil condutor a obra e a personalidade de Leonor Fini, artista nascida em 1908 em Buenos Aires, filha de pai argentino e mãe italiana.

Autodidata, Leonor cresceu na Itália, mas passou boa parte da vida em Paris, onde navegou entre diferentes disciplinas e estilos artísticas. E mesmo se ela nunca reivindicou, o surrealismo foi uma das correntes que mais a marcou – ao ponto de participar, em 1936, da exposição "Fantastic Art, Dada and Surrealism", no MoMA em Nova York.

Mas os caminhos a ítalo-argentina e de Christian Dior se cruzaram bem antes, ainda em Paris. Afinal, foi na Galeria Bonjean, dirigida por um Dior galerista, que ainda não tinha assumido sua paixão pelas tesouras, que Leonor expôs seu trabalho pela primeira vez, em 1932.

A ligação com a artista e o surrealismo se sentiu na passarela, onde as silhuetas eram adornadas por belas máscaras, como as que Leonor confeccionava para bailes e peças de teatro que Dior tanto gostava. Branco e preto dominavam os looks, mas as pitadas de creme, cinza e rosas pálidos, além de uma vestido no famoso vermelho típico da marca, quebraram o lado gráfico que poderia instalar uma certa monotonia no longo desfile.

Inspiração surrealista deu o tom do desfile de alta-costura da maison Dior, dominado por branco e preto em boa parte dos looks.
Inspiração surrealista deu o tom do desfile de alta-costura da maison Dior, dominado por branco e preto em boa parte dos looks. REUTERS/Charles Platiau

Como sempre, os ateliês da avenue Montaigne trabalharam de forma minuciosa tules, rendas e organzas, em peças dignas de tapete vermelho. Mas sem esquecer os códigos do DNA da grife (cintura de pilão, no caso da Dior), uma obsessão para qualquer marca de luxo que se preze.

Porém, o momento mais poético do desfile não veio das vestidos, e sim das palavras, escritas em torno do pescoço das modelos. Imaginadas por André Breton, um dos principais nomes do surrealismo, frases como “L’amour est devant vous. Aimez (O amor está à sua frente. Ame)” e “L’imaginaire c’est ce qui tend à devenir réel (O imaginário é tudo que tem tendência a se tornar real)" podiam ser lidas, como colares tatuados na pele.

Depois de algumas coleções que não conquistaram a unanimidade, mesmo se deram o que falar por surfarem na onda feminista e tiveram sucesso comercial, parece que Maria Grazia Chiuri finalmente está conseguindo virar a página da Valentino, marca para a qual dirigiu o estilo durante anos, antes de assumir a batuta da maison francesa. 

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