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Drogas

Aumento de consumo de crack cria "zumbis do metrô" em Paris

Dois jornais franceses, o Aujourd'hui en France e o La Croix, tratam nesta sexta-feira (19) de um problema que vem se agravando na capital francesa: o aumento do consumo de crack por pessoas sem-teto nas estações de metrô. 

O jornal "Aujourd'hui en France" trata de um problema que tem se agravado em Paris: o consumo e o tráfico de crack nas estações de metrô.
O jornal "Aujourd'hui en France" trata de um problema que tem se agravado em Paris: o consumo e o tráfico de crack nas estações de metrô. Reprodução RFI
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"Os Zumbis do Metrô", é a manchete do Aujourd'hui en France desta sexta-feira. Em uma foto que ocupa a capa inteira, o jornal mostra um casal consumindo crack em uma estação de metrô de Paris. 

Em entrevista ao diário, parisienses descrevem cenas de violências entre os usuários de crack, que passam o dia nas plataformas de metrô em uma situação de insalubridade extrema. "Alguns deles invadem os vagões, gritam e assustam as pessoas", descreve uma moradora da capital francesa. 

A reportagem do Aujourd'hui en France apurou que o problema teve início há cerca de três anos e vem se agravando desde então. O número de usuários desta substância, descrita no jornal como "a droga dos pobres", aumentou nos últimos tempos e, com as baixas temperaturas do inverno no hemisfério norte, muitos viciados invadiram as estações de metrô. 

"Que resposta dar a esses grupos que consomem ou traficam crack diante dos passageiros?", questiona Aujourd'hui en France. Para a Secretaria de Segurança Pública da capital francesa, a preocupação é constante. As ações, até o momento, se concentram no tráfico da droga. De acordo com a polícia, operações em parceria com cerca de mil agentes de segurança do metrô permitiram, no último ano, tratar cerca de 400 casos ligados à venda de crack nas estações e prender mais de 280 vendedores do alucinógeno.

 As autoridades, que já conseguiram identificar mais de 400 consumidores da droga, descartam qualquer política de repressão contra essas pessoas em "ruptura social e familiar", diz Aujourd'hui en France. Com o apoio de associações, ajuda médica e reinserção social também são oferecidas. 

"São pessoas doentes", ressalta Christophe Descoms, chefe da brigada de tóxicos de Paris, em entrevista ao diário. Embora o consumo do crack ainda seja pequeno em comparação com o da cocaína e do da heroína em Paris, ele alerta que a situação dá a sensação aos parisienses de aumento da insegurança. Além disso, outros problemas acabam se relacionando ao consumo do crack, como a prostituição.

Agressões no metrô

"Paris enfrenta o tráfico de crack no metrô", é a manchete de uma matéria publicada no jornal La Croix. O jornal revela que traficantes da periferia de Paris investem cada vez mais na droga, que passaram a produzir em grandes quantidades. Com o desmantelamento de pontos de venda no 19° distrito da capital francesa há alguns anos, os vendedores transferiram o comércio para as estações de metrô. 

La Croix também destaca que o número de agressões de viciados aos passageiros e funcionários da rede pública de transporte está em constante aumento. O problema se tornou tão grave que alguns condutores se recusam a parar nas estações invadidas pelos usuários de crack, principalmente no norte de Paris, salienta o jornal. 

"O problema é real", alerta o diretor da associação Coordenação Toxicomania, Pierre Leyrit, em entrevista ao jornal. "As vendas acontecem nos corredores das estações ou mesmo nas plataformas. As pessoas se deparam com cenas chocantes, os consumidores de crack desmaiados ou em situações sanitárias degradantes. Alguns têm comportamento instável ou violento", salienta. 

Por isso, dois sindicatos da rede pública de transporte convocam os funcionários a realizarem uma greve nesta sexta-feira na linha 12, com o objetivo de chamar a atenção das autoridades. Representantes de sindicatos, da prefeitura, da secretaria de segurança pública de Paris e dos transportes públicos também se reúnem para debater a questão. 
 

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