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França/Prisões

Taxa de suicídio de agentes penitenciários é mais alta do que a média da França

A crise nas prisões francesas está em destaque nos jornais desta terça-feira (16). Os agentes penitenciários franceses prometem bloquear novamente hoje a entrada das prisões do país. O movimento iniciado na segunda-feira (15), se intensificou após uma nova agressão de um detento, suspeito de radicalização, contra sete funcionários de uma prisão no sudoeste do país.

A crise nas prisões francesas é destaque na imprensa desta terça-feira (16).
A crise nas prisões francesas é destaque na imprensa desta terça-feira (16). REUTERS/Stephane Mahe
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O estopim do movimento foi a agressão de três funcionários por um preso jihadista em Vendin-le-Vieil, no norte da França, ocorrida na última quinta-feira (11). A categoria quer demostrar a força da mobilização à ministra da Justiça, Nicole Belloubet, que hoje visita a penitenciária. A demissão do diretor de Vendin-le-Vieil, ontem, não foi suficiente para acalmar os ânimos dos agentes que denunciam suas más condições de trabalho, informa Libération. Mais de 50 das 189 prisões do país foram bloqueadas no primeiro dia do movimento.

A situação de Vendin-le-Vieil é emblemática, diz o diário. A prisão, moderna, inaugurada em 2015, recebe detentos considerados difíceis, condenados a longas penas. A agressão aos três agentes foi feita por um tunisiano radicalizado, considerado como o organizador dos atentados contra a sinagoga de Djerba na Tunísia, em 2002. Ele agrediu os vigias com uma tesoura e uma faca. Um dos funcionários teve que ser hospitalizado.

Violência, proselitismo e superpopulação

Os islamitas radicais representam apenas 2,3% da população carcerária francesa, mas criam um problema para a administração devido ao seu alto grau de violência e proselitismo. Além das dificuldades em lidar com esses detentos jihadistas, a categoria reclama da superpopulação carcerária, que ultrapassa 200% em algumas prisões.

As reivindicações são heterogêneas, explica o jornal progressista. Elas incluem a exigência de um regime de detenção mais duro para os presos radicalizados e o direito aos agentes de usar pistolas de choque, mas também melhores salários e novas contratações. Todos os sindicatos dizem que a categoria cansou de trabalhar em um “sistema asfixiado”. Devido às más condições de trabalho, a taxa de suicídio na categoria é 20% maior do que a média do país.

Plano governamental para as prisões

O governo anuncia um plano global para construir novas prisões, melhorar o sistema judiciário, e tentar aliviar a superpopulação carcerária endêmica no país. Em seu editorial, Libération denuncia que a situação atual “viola a dignidade tanto dos prisioneiros quanto dos agentes penitenciários”. O texto diz que não basta anunciar um plano, o governo tem que colocar em prática medidas simples, como penas alternativas.

Le Figaro diz que essas pistas para acabar com a superpopulação carcerária são contestadas por especialistas. “Um juiz não pode estipular a pena de um condenado em função da superpopulação”, afirma uma magistrada entrevistada pelo diário conservador.

Les Echos informa que o presidente Emmanuel Macron promete, para antes do fim de fevereiro, o plano global para solucionar a crise do sistema penitenciário. Cerca de 15 mil vagas suplementares serão criadas. Mas o financiamento desse plano será difícil, alerta o jornal econômico. O orçamento do ministério da Justiça dedicado a construção e renovação das prisões do país, que estão em péssimo estado, está em queda este ano. Ele representa € 961 milhões, 2,1% a menos que em 2017.

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