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César/Escultor

Paris apresenta carros comprimidos e polegares do escultor César

Um polegar gigante, implantado em plena esplanada diante do Centro Georges Pompidou, anuncia a principal atração da temporada. É a retrospectiva do escultor César, vinte anos após sua morte. 

Polegar de César, em Paris.
Polegar de César, em Paris. @Patricia Moribe
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César Baldaccini nasceu em Marselha, sul da França, em 1921, filho de imigrantes italianos. Estudou Belas Artes em Marselha e em Paris. César fez parte do movimento Novos Realistas, junto com Arman, Klein, Tinguely e outros artistas urbanos.

Stéphanie Busuttil-Jansenn, presidente da Fundação César, fala sobre o artista:

“César para mim são quatro artistas em um só. Suas esculturas mostram que era um homem livre, um homem de seu tempo. Tem a fase dos objetos soldados, dos anos 50. Na década seguinte ele faz uma ruptura com essa tradição clássica e desenvolve a compressão. Em 65 é o homem das impressões humanas. E em 68 é o homem das expansões. Ele abre quatro campos de trabalho e não fecha nenhuma dessas portas, com idas e vindas, o que é raro para um artista”.

Na primeira fase, influenciado por precursores como Giacometti, César construiu intrincadas montagens de ferro coladas com solda, verdadeiras esculturas metálicas.

Carro comprimido, de César, em Paris.
Carro comprimido, de César, em Paris. @Patricia Moribe

Depois, buscando materiais de reciclagem para suas obras, ele encontrou um cemitério de automóveis no subúrbio de Paris e assim surgiram as notórias peças de carcaças de carros comprimidas.

As obras de César também são críticas em forma de escultura, como diz Bernard Blistène, curador da mostra:

“Veja as compressões de metal da virada dos anos 60, que depois vão sendo feitas com papelão, fios metálicos, com todos os tipos de materiais, desde os mais nobres, como o ouro, ou triviais, dejetos da nossa sociedade de consumo”. 

Em uma entrevista de 1978 para a TV francesa, César fala sobre seu trabalho:

“A escultura é algo que tem uma presença. Interna. Pelo menos é a minha concepção de escultura, uma concepção tradicional, de estátuas e não de ideias. As reflexões vêm de noite, na hora de dormir, ao acordar... Tudo em função de um percurso que faço. É uma viagem. De repente aparece uma bela paisagem e aí eu paro”.

Vídeos na exposição mostram o processo de trabalho de César, com as compressões, as soldas e as experiências de expansões, principalmente com resina.

Uma expansão de César, em exposição em Paris.
Uma expansão de César, em exposição em Paris. @Patricia Moribe

A exposição dedicada a César no Beaubourg é uma mostra arejada, sem paredes – as próprias obras se juntam em estilo e criam suas fronteiras. O público circula livremente, mesmo em dias movimentados, sem a sensação de seguir uma fila ou esperar a vez para se ver diante de uma obra.

O visitante circula uma escultura soldada da primeira fase de César, olha outras na parede, chega aos carros comprimidos, passa pelas matérias expandidas, contorna um dedo ou um seio gigante.

Um outro exemplo icônico do trabalho de César é a estatueta em bronze do prêmio que leva o mesmo nome, atribuído aos melhores do cinema francês a cada ano, desde 1976.

“César, a Retrospectiva”, fica em cartaz no Centro Georges Pompidou até 26 de março de 2018.

Retrospectiva de César, em Paris.
Retrospectiva de César, em Paris. @Patricia Moribe

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