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França

Macron recebe Netanyahu para discutir crise com palestinos e Irã

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, faz uma visita de trabalho a Paris neste domingo (10) em meio à crise provocada pela decisão dos Estados Unidos de reconhecer Jerusalém como a capital oficial de Israel. Ele almoça com o presidente francês, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu. Na agenda de discussões, a contestada decisão americana e o programa nuclear iraniano.

Macron recebe Netanyahu no Eliseu no primeiro encontro entre os dois líderes, no dia 16 de julho de 2017.
Macron recebe Netanyahu no Eliseu no primeiro encontro entre os dois líderes, no dia 16 de julho de 2017. GEOFFROY VAN DER HASSELT/AFP
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A visita de Netanyahu à França para tratar de divergências em torno do programa nuclear iraniano já estava prevista quando Donald Trump anunciou sua decisão sobre Jerusalém, tornando ainda mais complexa uma solução de paz no Oriente Médio. Macron não chegou a condenar explicitamente a decisão unilateral de Washington, mas considerou o fato "lamentável".

O governo francês quer que Netanyahu reafirme o compromisso que assumiu anteriormente de trabalhar pela solução de dois Estados no Oriente Médio, como defende a ONU. A coexistência pacífica de Israel e Palestina, lado a lado, com as fronteiras de 1967, tendo Jerusalém como capital comum. A questão da falta de garantias de segurança é um entrave constante para Israel.

Antes de deixar Israel, Netanyahu disse "respeitar a Europa", mas considera uma "hipocrisia" os europeus condenarem o que ele vê como "uma decisão histórica de Trump". "Não estou disposto a aceitar uma política de dois pesos, duas medidas", afirmou, em referência às críticas dos europeus à colonização judaica nos territórios ocupados.

Pode haver espaço para mediação francesa

Na avaliação da especialista Frédérique Schillo, autora do livro "A política francesa em relação a Israel (1946-1959), Macron pode aproveitar este momento de tensão para insistir na solução de dois Estados mutuamente reconhecidos e seguros dentro de suas fronteiras. Para Schillo, a decisão de Donald Trump priva os Estados Unidos de uma posição de neutralidade e pode favorecer a mediação francesa, um papel que Paris sempre buscou no conflito israelo-palestino. O problema, segundo Schillo, é a pequena margem de manobra.

O militante palestino Issa Amro, que organiza a resistência pacífica à expansão da colonização israelense em Hebron, espera que Macron assuma uma posição clara a favor do processo de paz e de um Estado palestino. "Precisamos que um grande país como a França nos dê esperança e apoio à continuidade do processo de paz. Trump destruiu esse processo", diz o militante.

Amro exorta outros países a defender os direitos dos palestinos, respeitando o direito internacional e um consenso, em que Jerusalém Oriental figura como a capital da Palestina. "Se a França der este passo, tenho certeza que outros países seguirão o mesmo caminho. Espero que Macron diga a Netanyahu que ele não tem o direito de fazer o que bem entender em nome de uma ideologia fanática e extremista", completou.

Operações do exército

O exército israelense informou hoje que destruiu um túnel entre Gaza e seu território. Segundo o porta-voz militar Jonathan Conricus, o túnel, descoberto há várias semanas, foi cavado pelo movimento islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza. Este foi o segundo túnel similar destruído nas últimas semanas. Israel afirma que os locais são usados para "atividades terroristas".

Conricus afirmou que o túnel destruído hoje foi cavado nos arredores da cidade de Khan Yunes, no sul da Faixa de Gaza, e entrava por centenas de metros no território israelense. "Consideramos uma grave violação da soberania israelense", afirmou o porta-voz, antes de insistir que Israel não busca uma escalada de tensões.

Franceses saem às ruas contra decisão sobre Jerusalém

Ontem, manifestações nas principais cidades francesas reuniram centenas de pessoas contra a decisão unilateral de Washington. Em cartazes, os manifestantes lembravam que Trump desrespeita o direito internacional. Em Paris, o protesto levou 400 pessoas à praça da República.

Reunidos no Cairo, ministros de Relações Exteriores da Liga Árabe exortaram os Estados Unidos a voltar atrás em sua decisão.

Fatah pede mais protestos

Na Cisjordânia, o Fatah, movimento do presidente palestino Mahmoud Abbas, divulgou um comunicado na noite de sábado (9) incitando os palestinos a promover protestos em todos os pontos onde houver presença militar israelense nos territórios ocupados. Em três dias de protestos contra a decisão de Trump, quatro palestinos foram mortos pelas forças israelenses e 150 ficaram feridos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

Em relação ao Irã, Netanyahu martela que o país dos aiatolás é a maior ameaça à segurança de Israel. No cardápio do almoço no Palácio do Eliseu, além de especialidades francesas estarão à mesa o programa de mísseis balísticos de Teerã, assim como a política regional iraniana no Líbano e na Síria.

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