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Impasse

Macron pede que Israel interrompa colonização em prol da paz com palestinos

"Convidei o primeiro-ministro [Benjamin Netanyahu] a fazer gestos corajosos pelos palestinos para sair do impasse atual", declarou o presidente francês, Emmanuel Macron, sugerindo "uma pausa nas colonizações". O objetivo do encontro neste domingo (10) com o premiê israelense em Paris era inicialmente discutir o programa nuclear iraniano, mas se concentrou na polêmica decisão americana de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. 

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, durante coletiva de imprensa neste domingo (10).
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, durante coletiva de imprensa neste domingo (10). REUTERS/Philippe Wojazer
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Os dois chefes de Estado se reuniram na tarde deste domingo no Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa, em Paris. Em coletiva de imprensa logo após o encontro, a diferença de posições dos dois líderes sobre a polêmica decisão dos Estados Unidos ficou clara. 

Primeiro a falar, Macron ressaltou seu desacordo com a decisão dos Estados Unidos de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel, que considera "contrária ao direito internacional e perigosa para a paz". O presidente francês também fez um apelo para que os Estados Unidos dê continuidade às negociações do processo de paz entre israelenses e palestinos.

"A França continua convencida de que a única solução, conforme o direito internacional e nossos engajamentos a longo prazo, é permitir a existência de dois Estados lado a lado em paz. Isso só pode acontecer através da negocição. Nós apoiaremos toda a iniciativa neste sentido", declarou Macron ao lado de Netanyahu.

O presidente francês também condenou todas as formas de ataque "nas últimas horas e dias contra Israel" e reiterou que dialogar é a única forma de resolver a crise que se instalou no Oriente Médio depois do anúncio de quarta-feira (6) do presidente americano, Donald Trump. "A paz depende da capacidade dos dirigentes israelenses e palestinos", declarou. 

"Parece-me que começar pela pausa na colonização e medidas de confiança em relação à Autoridade Palestina são gestos que evocamos com o primeiro-mininistro Netanyahu e que são importantes", ressaltou. 

Sorridente, mas inflexível

Sorridente e se referindo à Macron como "um amigo", o primeiro-ministro israelense agradeceu o "apoio" da França contra os "ataques terroristas" sofridos por Israel nos últimos dias, embora o presidente francês não tenha classificado as violências como terroristas. O premiê também não mencionou os dois palestinos mortos e os vários feridos em bombardeios aéreos de Israel na Faixa de Gaza no sábado (9).

Netanyahu fez questão de ressaltar sua posição inflexível em relação aos palestinos. "Se o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, quiser a paz, que ele venha negociar com Israel", disse o premiê.

Netanyahu também julgou "importante" a decisão de Trump. Segundo ele, Israel não saberia ter outra capital que Jerusalém e "as tentativas de rejeitar essa conexão milenar são absurdas".

O premiê também foi questionado por uma jornalista sobre o que achava da declaração do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que disse neste domingo que Israel é um "estado terrorista" que "mata crianças". "Não tenho que receber lições de moral de um dirigente que bombardeia localidades curdas na Turquia, que prende jornalistas, ajuda o Irã a driblar as sanções internacionais e ajuda os terroristas, especialmente em Gaza", declarou.

Protestos continuam em todo o mundo

O fim de semana foi marcado por protestos em várias cidades do mundo contra a decisão do presidente americano, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel.

Em Beirute, no Líbano, dezenas de pessoas ficaram feridas em confrontos com policiais, durante uma manifestação pró-palestinos perto da embaixada americana, em Awkar, zona norte da cidade. Os participantes não conseguiram entrar no complexo em que fica a embaixada. As forças de segurança usaram gás lacrimogêneo e água para dispersar o protesto.

Na Indonésia, maior país muçulmano do mundo, milhares de pessoas participaram de uma marcha contra a decisão de Trump nas ruas de Jacarta.

Em Rabat, capital do Marrocos, milhares de pessoas responderam ao chamado de sindicatos e associações para denunciar a decisão de Trump. Carregando bandeiras palestinas e entoando palavras de ordem anti-Trump, os marroquinos saíram às ruas em massa com suas famílias.

Em Gotemburgo, na Suécia, três pessoas foram presas neste domingo depois de uma tentativa de incendiar uma sinagoga na cidade, na noite de sábado (9).

Já Paris foi palco no sábado de uma manifestação contra a visita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Papa pede sensatez aos dirigentes

O papa Francisco voltou a pedir neste domingo em um comunicado "sensatez e prudência de todos". A nota afirma que o sumo pontífice faz orações fervorosas para que os dirigentes das nações, neste momento particularmente grave, se comprometam a evitar uma nova espiral de violência.

Francisco já havia expressado preocupação na quarta-feira, quando Trump anunciou sua decisão, ao pedir "respeito ao status quo" de Jerusalém, de acordo com as resoluções das Nações Unidas.

O Vaticano destacou que acompanha com "grande atenção" a situação no Oriente Médio, e especialmente em Jerusalém, "cidade sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos do mundo inteiro". O sumo pontífice também pediu aos líderes internacionais que "respondam com atos e palavras aos desejos de paz, justiça e segurança das populações destas terras martirizadas".

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