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França

Eleição na Córsega demonstra nova etapa de luta por autonomia

Os eleitores da Córsega, ilha paradisíaca no sul da França, foram às urnas neste domingo (3) para uma eleição inédita: escolher os 63 representantes da assembleia unificada que irá governar o norte e o sul a partir de 1° de janeiro de 2018. Antes, cada região tinha sua câmara, com 103 representantes ao todo. A unificação do Parlamento local e a redução do número de representantes tornou-se uma ocasião para avaliar as ambições políticas da ilha.

Nacionalistas e autonomistas celebram a vitória no primeiro turno das eleições territoriais na Córsega, no sul da França.
Nacionalistas e autonomistas celebram a vitória no primeiro turno das eleições territoriais na Córsega, no sul da França. PASCAL POCHARD-CASABIANCA / AFP
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Com uma proposta de autonomia da região em dez anos, a chapa de candidatos nacionalistas e autonomistas venceu o primeiro turno da votação com 45,36% dos votos. O segundo lugar ficou para uma chapa local de direita, que recolheu apenas 15% dos votos, enquanto as listas da direita tradicional e do partido do presidente Emmanuel Macron (LREM) registraram cerca de 12% dos votos cada uma.

O movimento separatista sempre foi forte nessa região da França. Segundo o jornal Aujourd'hui en France, o resultado do primeiro turno mostra que apesar da fraca participação, de 53% do eleitorado, os defensores da autonomia da Córsega continuam majoritários. Por outro lado, a independência total de Paris não está mais na ordem do dia.

Em seu editorial, o jornal Le Figaro explica que há diferenças entre a Córsega e a Catalunha. Há algum tempo, os corsos perceberam que não têm condições financeiras de manter o padrão de vida na ilha sem a proteção do governo central. Para a Catalunha, o desafio não teria sido fácil, mas ao menos a região espanhola é rica e capaz de se defender na globalização. Não é o caso da Córsega, que pesa 0,4% no PIB francês.

Valores próprios dentro da globalização

Após várias décadas de atentados e crimes políticos – o mais grave deles o assassinato, há alguns anos, do representante do Estado na ilha – os corsos desenvolveram uma visão mais realista e hoje se dão conta de que o desenvolvimento econômico, mais do que a independência, é a melhor proteção para a população de 322 mil habitantes.

Em 2014, depois de cometer mais de 4.500 ataques, de explosões de casas a assassinatos de juízes e prefeitos, o grupo armado Frente de Libertação Nacional da Córsega (FCNC) depôs as armas. De acordo com o Le Figaro, os separatistas radicais foram reduzidos a um punhado de militantes, que se alinharam aos defensores da autonomia.

O que os corsas buscam é o respeito a valores locais. "Viver na era da globalização sem perder a alma, sua cultura e suas paisagens", resume o Le Figaro. Os corsos resistem à especulação imobiliária, por exemplo. Defendem o ensino do dialeto local nas escolas. Não aceitam a instalação de complexos de hotelaria nem a construção de condomínios à beira de suas praias magníficas.

Conforme escreve o Le Monde, a vitória dos nacionalistas não causou surpresa. O surpreendente é o tamanho da vitória. Há anos controladas por barões do partido conservador Os Republicanos, duas importantes cidades da ilha, Porto Vecchio e Ajaccio, não resistiram à onda nacionalista, destaca Le Monde.

O segundo turno acontece no dia 10 de dezembro.

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