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Pesquisadora traça paralelo entre os períodos pré-64 e pré-impeachment de Dilma

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Natália de Santana Guerellus, professora de Civilização Brasileira na Universidade Paris Nanterre no Institut Franco-Brésilien Alter’Brasilis, além de membro da Associação para a Pesquisa sobre o Brasil na Europa falou à RFI sobre o papel da imprensa no período pré-1964, traçando um paralelo com o período pré-impeachment de Dima Rousseff. A pesquisadora fala também das eleições de 2018.

A professora Natália Guerellus
A professora Natália Guerellus RFI
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No Alter’Brasilis, ela ministra os ateliês oficinas "O Brasil e suas histórias" , que trata dos aspectos sociais, políticos e culturais dos principais períodos da história brasileira.

“Este ateliê começou há quase um ano, e na seção de hoje a gente vai trabalhar com o período que vai de 1960 a 1980, sempre fazendo comparações com a atualidade, fazendo relações, que acho que é o que mais interessa aos alunos. O objetivo do ateliê é de discutir alguns temas presentes na historiografia: a questão de golpe ou revolução, regime ou ditadura, a questão da participação civil… sempre numa perspectiva crítica”, disse.

Ela diz que o curso é para um público não-lusófono – a maioria é francesa –  e que seus alunos se interessam muito pelas relações do Brasil com a América Latina e a Europa. “A história contemporânea e as relações do Brasil com o mundo são os temas que geram mais interesse do público em Paris”, contou.

A professora faz paralelos entre o período pré-64 e o período pré-impeachment.

“Não só eu como muitos historiadores fazemos este paralelo e também entre dois momentos de democracia: entre 1945 e 1964, que foi a chamada ‘experiência democrática’ e essa democracia que vem após 1985. Inclusive estas datas são questionadas também, se a ditadura realmente acabou em 1985”, explicou ela.

“Estas comparações, estes paralelos entre estes dois períodos democráticos, podem ser feitos e servem para a gente pensar o que tem de estrutural na sociedade brasileira, que se repete, e o que é conjuntural. Faz parte do pensamento crítico fazer estas análises”, completou.

Papel da imprensa

Guerellus conta que estudou, em seu doutorado, a escritora brasileira Rachel de Queiroz e a sua mudança de posição politica no período entre 1945 e 1960. A escritora, que era filiada ao Partido Comunista nos anos 1930, apoiou o golpe militar de 1964.

Ela estudou a escritora no contexto da imprensa e isso abriu as portas para uma reflexão sobre o papel da imprensa na política brasileira.

 “A gente deveria pensar não só no papel que o Estado outrorga à imprensa – no regime militar, por exemplo, o governo acredita que a imprensa tem que divulgar os feitos do governo, valorizar o país – e tem um outro aspecto que é o papel que a própria imprensa se outorga”, observa.

“Creio que nos anos 40-60, a imprensa se pensava como um verdadeiro guia da sociedade, educadora e portadora da verdade. Já hoje, talvez a questão mais importante seja uma imprensa se acredita formadora de cidadãos, vinculada à ideia de cidadania, de democracia”, acredita.

Mídia e eleições de 2018

“Já tem alguns estudos sobre o papel da imprensa na desestabilização do governo de Dilma Rousseff e neste governo assumido por Michel Temer, então a imprensa está sempre ativa”.

“Agora que a gente começa a falar das eleições, ainda que a gente só vá saber mesmo quem são os candidatos em agosto do ano que vem, a imprensa agora está mais no foco da especulação: quem pode ser candidato? Vai desde Luciano Huck a Joaquim Barbosa, Sérgio Moro…  

“Eu acho que a imprensa está muito baseada na ideia de escolher uma figura heroica, salvadora – e isso é muito parecido com o período pré-1964, em relação à imprensa, e pelo que eu tenho sentido a imprensa agora está sondando quem podem ser os candidatos para concorrer com a grande figura que é ainda Lula. Então a imprensa faz estas sondagens para ver quem vai se opor a candidatura de Lula que é sempre forte – se ocorrer”, concluiu.

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