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“Venda de migrantes como escravos é crime contra humanidade”, diz Macron na África

O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou nesta terça-feira (28) que "os crimes da colonização europeia são inegáveis", em um discurso na Universidade de Uagadugu, no qual pediu uma "nova relação" com a África.

O presidente francês Emmanuel Macron, durante discurso na Universidade de Uagadugu, em Burkina Faso, em 28 de novembro de 2017.
O presidente francês Emmanuel Macron, durante discurso na Universidade de Uagadugu, em Burkina Faso, em 28 de novembro de 2017. REUTERS/Philippe Wojazer
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O presidente francês realiza um giro pelo continente africano, com o objetivo de refundar as relações com os diversos países da África. "Há erros e crimes, grandes coisas e histórias felizes", mas "os crimes da colonização europeia são inegáveis", declarou Emmanuel Macron. É "um passado que deve passar", acrescentou.

"Não é simplesmente um diálogo franco-africano que devemos reconstruir juntos, mas um projeto entre ambos os continentes, uma relação nova, voltada para repensar uma nova dimensão desta relação", entre África e Europa, afirmou.

"A África não está nem perdida, nem salva”

"A África não está nem perdida, nem salva. É um continente central, onde se cruzam todos os desafios contemporâneos", acrescentou o chefe de Estado. Macron também reiterou sua vontade de ajudar na constituição da força multinacional do G5 Sahel para lutar contra grupos extremistas.

Ele anunciou que "proporá uma iniciativa euro-africana para acabar com as organizações criminosas e as redes de traficantes de pessoas que exploram os imigrantes subsaarianos" - alguns deles, escravizados.

O presidente francês anunciou "um apoio em massa à retirada das pessoas em perigo" na Líbia, classificando a venda de migrantes como escravos de "crime contra a humanidade", em um discurso para estudantes de Burkina Faso.

Macron disse ainda que a França será um "sócio privilegiado da África" na luta contra a mudança climática, destacando que é necessário tornar "a energia mais acessível, embora também mais limpa".

O presidente prometeu "duplicar" as parcerias entre universidades e escolas africanas e vistos de longa duração para os africanos que obtiveram seus diplomas na França.

Chegada tensa em Burkina Faso

A chegada do presidente francês em Burkina Faso, na noite de segunda-feira (27), foi tensa. Duas horas antes, motoqueiros lançaram uma granada em um veículo de soldados franceses no norte de Uagadugu. Eles não alcançaram seu alvo, mas feriram três residentes. Este ataque não foi reivindicado.

Antigo poder colonial, a França mantém uma cooperação militar ininterrupta com as autoridades do Burkina desde a adesão à independência do território em 1960. Desde 2010, elementos das forças especiais francesas, com sede em Uagadugu, oferecem seu apoio para as forças de defesa locais. A França interveio diretamente durante o ataque de janeiro de 2016 (30 mortos), quando os jihadistas abriram fogo em terraços no centro da cidade. A capital Uagadugu também sofreu em agosto de 2017 um ataque semelhante, que deixou 19 mortos.

Macron, que falou brevemente sobre a tensão durante sua chegada, disse que o episódio com a granada se tratava de um "emblema da aspiração democrática da juventude africana", referindo-se ao levante de 2014 que derrubou o então presidente Blaise Compaoré, após 27 anos no poder.

Mas as tensões persistiram nesta terça-feira (28). Para protestar contra a chegada de Macron, dezenas de manifestantes ergueram barricadas na avenida que conduz à Universidade de Uagadogu, onde ocorreu o pronunciamento do presidente francês.

Com slogans como "Abaixo a exploração da África pelo Ocidente", os estudantes bloquearam os veículos que tentavam acessar o campus.

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