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Um pulo em Paris

Para os franceses, triar o lixo é quase tão importante quanto votar

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Pesquisas realizadas na França mostram que triar o lixo doméstico é considerado o segundo gesto cidadão mais importante para os franceses depois de votar nas eleições. A preocupação com a reciclagem do lixo aumentou com a consciência de que o modo de vida consumista ocidental favorece o aquecimento global.

Uma greve de lixeiros ocorrida em junho de 2016, em Paris, inundou as calçadas da capital de sacos plásticos.
Uma greve de lixeiros ocorrida em junho de 2016, em Paris, inundou as calçadas da capital de sacos plásticos. AFP/Geoffroy Van Der Hasselt
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A coleta seletiva do lixo foi introduzida na França nos anos 1990, quando as prefeituras instalaram contêineres para depósito de papel, plástico, vidro e metais nas ruas. Em 30 anos, o sistema evoluiu bastante. Hoje, os franceses são estimulados a triar o máximo de produtos na hora da compra, adquirindo embalagens que podem ser recicladas.

Na casa de um francês, nos prédios residenciais e comerciais existem quatro tipos de lixeira diferentes, que são recolhidas em dias alternados da semana. São lixeiras padronizadas, geralmente de cor cinza com tampas distintas: preta, para o lixo orgânico; verde para vidro; amarela para plástico, papelão e metal. Em algumas cidades existem latas de lixo com tampa azul, para coleta exclusiva de jornais, folhetos de propaganda e papéis.

A coleta de entulho tem um tratamento diferenciado. Em Paris, por exemplo, o morador telefona à prefeitura e pede a passagem do caminhão num horário a combinar. O serviço é gratuito.

Em cidades menores, os moradores podem colocar o entulho na calçada na véspera da passagem do caminhão, previamente comunicada pela prefeitura. A coleta acontece em dias fixos da semana, geralmente duas vezes por mês. É quando se vê muita gente nas ruas à caça de um eletrodoméstico velho, um colchão usado, móveis e outros achados.

Francês produz muito lixo

Um francês produz em média 580 quilos de lixo por ano, o dobro do que 30 anos atrás. Ainda é menos do que um americano, com uma média de 700 quilos por ano, mas é quase o dobro do que há cinco anos.

Um terço do lixo gerado pelos franceses é composto de embalagens recicláveis, cerca de 200 quilos são resíduos orgânicos. O problema é que um terço ainda se perde, não tem solução de reciclagem.

Um dos maiores desafios cobrados hoje da indústria é que se possa reaproveitar sistematicamente tudo o que é produzido, a chamada economia cíclica. Na França, a indústria alimentícia desenvolveu embalagens recicláveis para praticamente tudo o que é vendido nos supermercados. O reconhecimento se faz por um selo verde. Mas alguns produtos ainda escapam a essa tendência, sobretudo certos tipos de plástico usados em utensílios de cozinha e brinquedos – a boneca americana mais famosa do mundo, por exemplo, que é vendida em grande quantidade na França, não pode ser reciclada. Materiais de construção e jardinagem também não são reaproveitados como deveriam, segundo especialistas.

Supermercados aboliram sacos plásticos finos

A França aboliu o saco plástico para transporte das compras nos supermercados. O cliente é obrigado a pagar por uma sacola reutilizável. Na área de frutas e legumes, voltaram os sacos de papel de padaria, reciclados. Mesmo assim, a França ainda poderia fazer bem mais nessa área: no ranking de 28 países da União Europeia, os franceses ocupam a 13ª posição em reciclagem. Alemanha, Áustria e Eslovênia são campeões. Os alemães reciclam cerca de 67% do que consomem, contra 45% na média europeia. Eslováquia, Romênia e Malta são os últimos da classe.

Eletrônicos

O lixo eletrônico virou um desafio no mundo inteiro, já que a indústria de eletroeletrônicos é uma das que mais cresce atualmente. A França produz anualmente 1,3 milhão de toneladas desse tipo de lixo. Pontos de coleta específicos recolhem esses objetos descartados.

O país conta com uma legislação rígida sobre a questão, mas, há alguns anos vem enfrentado um outro problema: a presença do bromo, um elemento altamente tóxico, em quase 40% de seus produtos. O pó proveniente da reciclagem do plástico bromado é potencialmente perigoso para a saúde, o que levou o governo francês a terceirizar a reciclagem para outros países.

Pilhas, remédios e roupas

A reciclagem das pilhas é muito simples: nas empresas, supermercados e outros pontos de venda existem pontos de coleta. As farmácias recuperam os remédios vencidos. Já as roupas podem ter dois destinos: dois contêineres, um para doação de roupas ainda em bom estado e outro para tecidos muito estragados, recebem as peças. Associações humanitárias examinam o material e despacham para doação ou diretamente para reciclagem do tecido ou do couro.

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