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França/Macron

Reformas e “autoritarismo”: seis meses de Macron na presidência da França

Em seis meses, o presidente francês Emmanuel Macron realizou reformas aceleradas, mesmo se às custas de uma queda sem precedentes de sua popularidade, e com um estilo considerado, por alguns críticos, como autoritário. Alguns adversários acreditam que ele já esteja projetando uma possível reeleição, em 2022.

O presidente francês Emmanuel Macron durante cerimônia de celebração do armistício, em 11 de novembro de 2017.
O presidente francês Emmanuel Macron durante cerimônia de celebração do armistício, em 11 de novembro de 2017. REUTESR/Thibault Camus/Pool
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Graças ao triunfo de seu partido, o República em Marcha, nas legislativas de junho deste ano, Macron apresentou a lei sobre a moralização da vida política e impôs a reforma da lei trabalhista, uma pequena revolução que continua gerando manifestações nas ruas.

"Ele se situa em um horizonte a muito longo prazo e não cede", resume uma fonte próxima. Observadores consideram que o presidente eleito mais jovem da França, com 39 anos, já está pensando em sua reeleição, em 2022. Decidido a manter um ritmo acelerado de reformas, apesar da queda de 20 pontos em sua popularidade desde que chegou ao poder, algo nunca visto, Macron impulsionou as reformas do auxílio desemprego, da formação profissional, da política habitacional e do acesso à universidade.

Em 2018 e nos anos seguintes, será a vez da Justiça e dos regimes de aposentadoria, sem esquecer a promessa de reduzir o número de deputados e senadores. Macron também quis dar à função presidencial uma posição de autoridade e uma aura internacional, aplaudidas, segundo as pesquisas, pela maioria dos franceses.

"Estes seis meses foram bons", garante seu entorno. "O país está preparado para estas reformas", afirmou uma fonte do governo.

Efeito Macron enfraqueceu a oposição

Ante o efeito Macron, a oposição parece cada vez mais enfraquecida. Nem os sindicatos, nem o França Insubmissa (esquerda radical) conseguiram fazer frente à reforma trabalhista.

O Partido Socialista, substituído por Macron no poder, está moribundo. Os Republicanos, oposição de direita, estão divididos entre os que se uniram a Macron (como o premier, Edouard Philippe) e os que desejam se manter na oposição. E a Frente Nacional (extrema direita) ainda tenta se recuperar da derrota no segundo turno das eleições presidenciais.

Mas o chefe de Estado tem que combater o rótulo de "presidente dos ricos", principalmente depois que reformou o imposto sobre as fortunas, que reduziu substancialmente a contribuição a ser paga pelos mais ricos.

“Preguiçosos” e “invejosos”

O Palácio do Eliseu espera mudar esta imagem abolindo o imposto sobre a propriedade - aplicado a qualquer pessoa que possua um bem imóvel - para 80% dos lares e reduzindo as cotas salariais a partir de janeiro. "Ele tem tempo", assinala o especialista em ciência política Bruno Cautrès (Ceviprof). O calendário eleitoral está vazio até as eleições europeias de 2019, e a conjuntura econômica apresenta melhora.

Macron fixou um prazo de entre 18 e 24 meses para fazer um primeiro balanço de suas reformas. Metade dos franceses consideram que, ainda assim, será cedo para uma avaliação. O presidente da França também tem grandes ambições para a União Europeia (UE), desde um Exército comum até impostos coordenados. Até o momento, conseguiu reforçar as condições dos trabalhadores que se deslocam temporariamente para outro país do continente, um sistema muito criticado na França.

No entanto, o estilo Macron pode encontrar resistências. O presidente francês criticou os "preguiçosos", "cínicos" e "invejosos" que atacam os ricos e "querem lançar pedras" contra os bem-sucedidos."Ele passa a imagem de ser alguém que não dá atenção ao sofrimento do povo, o que o prejudica", assinala Cautrès.

(Com informações da AFP)

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