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A Semana na Imprensa

Revista Le Point explica o mito dos franceses que trabalham pouco

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A revista Le Point desta semana traz uma reportagem de capa sobre o ritmo de trabalho dos franceses. O texto se interessa pela carga horária dos profissionais do país e algumas vantagens históricas que alimentam a reputação de que na França os trabalhadores seriam “preguiçosos”.

A suposta "preguiça" dos trabalhadores franceses foi tema da reportagem de capa da revista Le Point.
A suposta "preguiça" dos trabalhadores franceses foi tema da reportagem de capa da revista Le Point. www.lepoint.fr
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A reportagem começa a partir de uma declaração do presidente Emmanuel Macron, que disse durante uma visita a Atenas, em setembro, que não iria tolerar “os preguiçosos”. A frase causou polêmica e foi vista por muitos como um sinal de descaso do chefe de Estado para com a população. No entanto, bem além da polêmica, os franceses gozam da imagem de um povo que trabalha menos que seus vizinhos. Entre os 35 países da OCDE, “a França é a nação onde as pessoas empregadas passam menos tempo no trabalho durante o ano”, explica a revista semanal.

Le Point traz uma série de exemplos extremos, que alimentam essa reputação. A reportagem conta que um maquinista do metrô parisiense se aposenta aos 52 anos de idade, após um ritmo de trabalho de 33 horas semanais. Já os controladores aéreos, que são tratados como funcionários públicos, desempenham suas funções, efetivamente, apenas 84 dias por ano, enquanto os doqueiros do porto de Marselha trabalham oficialmente apenas 3 horas por dia. Sem esquecer os muitos servidores públicos que simplesmente não cumprem a carga horária prevista pela lei, analisa o texto.

Vida ativa começa tarde e termina cedo

Outra particularidade que contribui para esse mito de um povo que trabalha pouco é o fato de que, além de se aposentarem cedo (a partir de 60 anos, mesmo que o regime esteja sendo reformado), os franceses começam na vida ativa relativamente tarde. Apenas 37,2% dos jovens de menos de 25 anos têm uma atividade profissional no país. Entre os países da OCDE, apenas a Espanha apresenta um índice inferior (36,9%).

Isso faz com que os franceses sejam os que passam menos tempo da vida no emprego. Um estudo realizado pela Eurostat, o serviço de estatísticas do bloco europeu, constatou que uma pessoa passa, em média, cerca de 35 anos no trabalho na França. Os suecos, por exemplo, trabalham aproximadamente 41 anos de suas vidas, compara Le Point.

Mais férias e menos salário

Segundo Le Point, além dos regimes especiais e conquistas sociais do passado, que resultam nas exceções já citadas, essa fama do francês que trabalha pouco é também fruto de uma política que, historicamente, vem tentando compartilhar os empregos entre os cidadãos, “para que cada um possa ter a sua parte do bolo”. O principal exemplo disso é o regime de 35 horas de trabalho semanal em vigor para todos aqueles registrados em tempo integral. O resultado é que, individualmente, de acordo com as estatísticas, cada pessoa trabalha menos.

Além disso, o país “optou por mais lazer, sob a forma de férias mais longas, e de aposentadorias mais precoces”, comenta Olivier Blanchard, ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, entrevistado pela revista. O único problema, ressalta o especialista, é que nem sempre a população entende que, já que teve uma carga horária reduzida, também deverá se acostumar com uma queda no salário.

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