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Imprensa

Le Figaro aponta falhas das autoridades que facilitaram atentado em Marselha

Os atentados praticados por radicais islâmicos e projetos de ataque abortados pelos serviços de inteligência se multiplicam na França, gerando preocupação e indignação da imprensa.

Franceses chocados com o assassinato selvagem de duas estudantes depositaram flores e velas na entrada da estação ferroviária Saint-Charles, em Marselha.
Franceses chocados com o assassinato selvagem de duas estudantes depositaram flores e velas na entrada da estação ferroviária Saint-Charles, em Marselha. REUTERS/Jean-Paul Pelissier
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O jornal conservador Le Figaro dedica sua manchete nesta quarta-feira (4) ao "inacreditável fiasco" do Estado, que permitiu a Ahmed Hanachi, um clandestino e delinquente tunisiano, matar a facadas duas estudantes de 20 anos, no último domingo (1°), na estação central de trens de Marselha, no sul da França.

Le Figaro argumenta que o tunisiano de 29 anos, morto por militares logo após esfaquear as duas jovens, tinha uma longa ficha criminal e já poderia ter sido expulso da França em várias ocasiões, mas sempre escapou das medidas de distanciamento do território por uma série de falhas administrativas das autoridades. A última delas, que é considerada inadmissível pelo jornal, é o fato de o agressor ter sido detido na sexta-feira (29) em Lyon por suspeita de furto, mas ter sido liberado depois de passar algumas horas sob custódia da polícia. Faltaram provas materiais consistentes para mantê-lo preso.

A delegacia que liberou o tunisiano comunicou sua situação de clandestinidade à Secretaria de Segurança Pública da região, mas, de acordo com Le Figaro, o funcionário de plantão estava ocupado com outro caso. Os policiais ainda teriam tentado enviar o tunisiano a um centro de retenção de estrangeiros em situação irregular, mas não havia vaga. Por causa dessa série de falhas em cadeia, ele foi liberado e, em menos de 24 horas, matou duas estudantes a facadas em Marselha, gritando "Alá é Grande", sublinha Le Figaro.

O ministro do Interior, Gérard Collomb, abriu um inquérito administrativo para apurar as responsabilidades no caso. Mas Le Figaro ironiza essa tentativa de esclarecimento, dizendo que a investigação não vai dar em nada, "como de costume".

Cinco pessoas que mantinham contato com o criminoso foram detidas ontem. Depois da reivindicação do ataque pelo grupo Estado Islâmico, os investigadores buscam elementos que comprovem a ligação do tunisiano com o grupo terrorista.

Conexão de atentado de Marselha com atropelamento em Berlim

A Itália colabora com a França nas investigações, porque o delinquente passou por uma cidade a 60 km ao sul de Roma, onde frequentou uma mesquita ao lado de outros radicais islâmicos, como o tunisiano responsável pelo atropelamento na feira de Natal em Berlim, em dezembro de 2016.

O jornal Aujourd'hui en France também destaca o caso em primeira página e relata que Ahmed Hanachi recebeu, dias antes do crime, vários depósitos de € 2 mil em sua conta bancária. Porém, como ele tinha envolvimento com vários tipos de tráfico, pode ser que esse dinheiro tenha ligação com essas atividades.

Bombas artesanais em Paris

O outro caso que intriga a imprensa é o atentado evitado contra um prédio em Paris, no último sábado (30), onde a polícia encontrou quatro botijões-bomba depois do alerta de um morador. Os investigadores tentam entender quem poderia ter sido visado no edifício, mas não encontraram até o momento nenhum indício.

Os cinco suspeitos detidos, com idades entre 27 e 40 anos, continuam sob custódia da polícia. Segundo o Le Figaro, as autoridades francesas estão extremamente preocupadas com possíveis ataques com bombas artesanais em Paris.

Ao jornal Aujourd'hui en France, moradores do prédio ainda muito assustados relatam que não conseguem entender as circunstâncias dessa tentativa de ataque, que não se concretizou porque o detonador das bombas artesanais falhou.

O ministro francês do Interior, Gérard Collomb, reconheceu que o prédio pode ter sido escolhido ao acaso, apenas para intimidar a população e as autoridades. A intenção seria mostrar que nenhum lugar na França está protegido da ação de jihadistas.

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