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Franceses nas ruas

Macron enfrenta segundo dia de protestos contra reforma trabalhista

Os franceses voltaram às ruas nesta quinta-feira (21) para protestar contra a reforma trabalhista proposta pelo presidente Emmanuel Macron. Foi o segundo dia de manifestações desde que os detalhes do pacote foram anunciados, no fim de agosto. Diversas categorias fizeram greve, como os trabalhadores nos serviços de transporte urbano.

Manifestação em Paris foi mais fraca do que no primeiro dia de protestos contra as reformas, em 12 de setembro.
Manifestação em Paris foi mais fraca do que no primeiro dia de protestos contra as reformas, em 12 de setembro. REUTERS/Gonzalo Fuentes
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A mobilização, porém, estava mais fraca do que no primeiro dia de manifestações, em 12 de setembro. Desta vez, 16 mil pessoas participaram dos protestos em Paris, contra 24 mil na semana passada, de acordo com a contagem da polícia. Os organizadores reivindicam 55 mil participantes nesta quinta-feira e 60 mil no protesto anterior. Outros atos estão previstos para o sábado (23) e prosseguem em outubro, com a paralisação dos funcionários públicos.

“Não sei se posso dizer que estou decepcionado com Macron, na medida em que eu não esperava nada muito melhor, quando vimos quem ele nomeou para cargos-chave do governo, como os ministros do Orçamento e da Economia”, afirma o funcionário público Cyprien, que marchou em Paris contra o pacote que pretende facilitar as demissões na França. “Desde aquele momento, já sabíamos que haveria pressões liberais nas questões econômicas.”

Negociação prévia não evitou protestos

Com o pacote, o presidente centrista quer limitar indenizações nos processos trabalhistas. O papel dos sindicatos também será reduzido.

A reforma será apresentada ao Conselho dos Ministros nesta sexta-feira. O texto, negociado por antecipação com os sindicatos, o patronato e os parlamentares durante três meses, não precisará ser votado no Parlamento e deve entrar em vigor em forma de decreto presidencial.

“O que existia graças às convenções coletivas, como melhorias na licença-maternidade ou a redução das horas de trabalho quando a mulher está grávida, correm o risco de ser completamente destruídas”, teme a líder sindical Susie Rotman, que participou da marcha parisiense em defesa dos direitos trabalhistas das mulheres.

Democracia “não está nas ruas”

Os protestos se espalharam pelas principais cidades francesas e acontecem um dia depois de Macron afirmar, em uma entrevista, que “a democracia não está nas ruas”. A frase soou como uma provocação aos opositores da reforma trabalhista.

Nesta quinta-feira, os manifestantes gritavam “Macron, você está ferrado, os ‘preguiçosos’ estão nas ruas”, em referência a outra frase polêmica do presidente, na qual ele criticava os “preguiçosos, os cínicos e os radicais” que tentam barrar as reformas.

“Senhor Macron, nós lhe dizemos que a democracia não é apenas uma eleição, é também escutar a população e os cidadãos. Os trabalhadores também são cidadãos, e quando eles vão para a rua porque não aprovam um projeto que questiona completamente o direito do trabalho, você deve escutar um pouco o que eles dizem”, comentou o professor de escola pública François Martin.

A professora aposentada Juliette Mamèche vai além: quer a saída do presidente. “Eu imagino que, em algum momento, vai haver uma revolta gigantesca para tirar Macron porque ele é um impostor”, aposta.

Segundo pesquisa, Macron é de direita

As mudanças no Código do Trabalho estão entre as principais promessas de campanha do presidente francês. O objetivo do governo é aumentar a flexibilidade para incentivar as empresas a contratar mais, para lutar contra o desemprego. Atualmente, 9,5% da população ativa na França está sem trabalho, um índice superior à média europeia, de 7,8%.

Uma pesquisa publicada pelo instituto Viavoice nesta quarta-feira (20) indicou que 53% dos franceses avaliam que a política econômica de Macron “beneficia os mais ricos”, contra apenas 11% que acham que ele privilegia os mais pobres. A sondagem também mostrou que 43% dos franceses considera as medidas do governo “de direita” e 31% acham que são “equilibradas entre esquerda e direita”.   

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