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França

Greve contra reforma trabalhista é primeiro teste social para Macron

A greve nacional programada nesta terça-feira (12) na França – a primeira da presidência de Emmanuel Macron – contra a reforma trabalhista é o principal destaque da imprensa. A paralisação é o primeiro grande teste social do novo governo.

A primeira greve do governo Macron é o principal destaque da imprensa francesa nesta terça-feira (12).
A primeira greve do governo Macron é o principal destaque da imprensa francesa nesta terça-feira (12). Fotomontagem RFI
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O jornal Libération, de esquerda, publica um editorial crítico à escolha feita por Macron de utilizar decretos para aprovar as mudanças no Código do Trabalho, um recurso garantido pela Constituição, mas que abrevia o debate parlamentar. Faz também uma condenação severa ao discurso do presidente na sexta-feira (8), em Atenas, quando Macron afirmou que não cederia aos “preguiçosos, aos cínicos e aos radicais”, em referência aos opositores de suas reformas. "Em um país que acaba de sair de uma campanha eleitoral violenta e que dividiu os franceses, não se governa injuriando uma parte da população", escreve o Libération. "Macron foi eleito porque encarnava a esperança de fazer política de outra forma, menos excludente", reprova o Libération.

A fala do chefe de Estado desencadeou uma grande polêmica e é explorada pela CGT, central sindical na iniciativa da greve de hoje, assim como pelo líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon, do grupo parlamentar França Insubmissa.

Na opinião do jornal Les Echos, caso as passeatas programadas para hoje tenham pequena participação, Macron pode ser considerado "um gênio na arte de esvaziar protestos"; caso muita gente saia às ruas, a estratégia do presidente será um fiasco. O diário econômico, de tendência liberal, manifesta dúvida se o fato de Macron ter deixado claro, desde a campanha, as reformas que faria, será suficiente para os franceses desistirem de protestar. "Talvez ele tenha calibrado mal seus argumentos", questiona o Les Echos.

Imprensa critica fala de Macron sobre "preguiçosos"

O jornal L'Humanité, de tendência comunista, diz que "pronunciar um insulto de forma banal serve para revelar o que uma pessoa pensa de fato". E Macron, ao chamar uma parte dos franceses de "cínicos e preguiçosos", expressou seu ódio pelos desfavorecidos que não pensam como ele, destaca o L'Humanité. O jornal condena um presidente que dirige o Estado com "desprezo de classe", no caso, a classe trabalhadora.

Le Figaro, jornal conservador, diz que Macron foi imprudente ao usar o termo "preguiçosos". Em todo caso, só o grau de participação na manifestação da CGT dirá se o deslize do presidente se voltou contra ele. Em seu editorial, Le Figaro discorda abertamente da ideia de que não houve debate em torno da reforma. "A ministra do Trabalho, Muriel Pénicaud, fez dezenas de reuniões com representantes dos trabalhadores e dos empresários", e o resultado, segundo o Le Figaro, é "uma reforma trabalhista equilibrada e distante do padrão liberal anglo-saxão". O diário observa que a França "é o único país a não ter adaptado o direito trabalhista à economia moderna", uma fórmula certamente exagerada.

O jornal Aujourd'hui en France se refere à greve desta terça como o primeiro teste social para Macron e nota que o presidente decidiu acompanhar a greve à distância. Ele passa o dia nas Antilhas Francesas, duramente atingidas pelo furacão Irma. O jornal constata que "apesar da divisão dos sindicatos, o líder da CGT, Philippe Martinez, aposta na participação de suas tropas e de dissidentes de outros sindicatos que não aderiram à greve". "A mobilização de estudantes deve ser fraca. O elemento surpresa pode ser a violência à margem dos cortejos", adverte a publicação.

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